quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Celebridades e os campos de valores


Eu não entendo por que as pessoas tendem a observar tanto as celebridades pelo lado pessoal, e não pelo profissional. É irritante ver fãs discutindo porque alguém disse que seu ídolo é gay, mercenário, ou metido, e blá blá blá. Algo irritante também é ver pessoas tentando tirar o crédito do trabalho de alguém por questões que não tem nenhuma ligação com a carreira profissional do indivíduo.

Dia desses recebi um e-mail de uma psicóloga escaldando Cazuza, dizendo que ficou assustada com o filme sobre ele, que o mesmo não é exemplo para os jovens, por que era traficante, gay, drogado, porra louca, etc, etc. O e-mail era uma espécie de apelo para que os pais não deixem seus filhos cultivar esse tipo de ídolo. Certo, Cazuza realmente foi um traficante, porra louca, drogado, etc. Mas ai me pergunto: E kiko?

Outro caso bizarro foi Lobão no programa de Raul Gil, naquele quadro de tirar o chapéu (eu realmente não sei por que estava assistindo isso, mas enfim ... ), onde o mesmo não tirou o chapéu para o jogador Kaká porque o atleta se casou virgem. Ele definiu Kaká como o Júnior (da ex dupla Sandy & Júnior) do futebol brasileiro. Eu não sabia que existia uma ligação entre futebol e sexo, será que quanto mais tempo a pessoa demorar pra fazer sexo, mais curta será sua carreira? Ahhh ... deve ser por isso que Kaká está com tantos problemas na virilha!! Realmente Lobão, você tem razão, é um absurdo um jogador de futebol se casar virgem.

Recentemente tivemos outro exemplo desse comportamento das pessoas nas eleições presidenciais, quando pessoas ligadas ao candidato Serra dispararam acusações via e-mail contra a candidata Dilma, acusações de que ela seria lésbica! Ohhhh ... que absurdo! Como uma lésbica pode governar um país?

Eu não quero saber se Cazuza era porra louca e criminoso, não quero saber se Kaká casou virgem ou não, muito menos se Dilma é lésbica, isso não tem ligação nenhuma com o que essas pessoas representam publicamente. Cazuza foi músico, e não um político, ele não tem que dar exemplo de moral a ninguém, quem é fã dele, é por suas músicas, e ponto final. Kaká é jogador de futebol, sua vida sexual nada tem a ver com sua profissão. Quem poderia reclamar da castidade dele seria sua namorada, e não os apreciadores do esporte. O mesmo vale para a presidente eleita Dilma, sua orientação sexual não tem nenhuma relação com sua função.

Então pelo amor de Deus!! Vamos parar com essa babaquice! Vamos aprender a separar os campos de valores, o campo de valor político não tem relação com o campo de valor moral no que se refere à orientação sexual. Se Dilma tivesse o caráter de Cazuza, ai sim isso poderia ter implicações, a final, ser traficante e drogado tem relação com o campo de valores da política.

Eu sou fã desse indivíduo aqui, André Matos.



Mas eu estou pouco me lixando para coisas relacionadas à sua vida externa ao campo musical. Muitos fãs babacas ficam discutindo se ele é gay ou não, eu restrinjo-me ao André Matos músico, pra mim pouco importa se ele queima ou não a rosca. Agora se eu ficar sabendo que algumas de suas músicas foram plagiadas, ai sim ele cairia em meu conceito, pois isso é uma ética do campo musical. Fora desse espaço, é tudo retardisse de fã. Eu não sou mãe do André Matos!!

É claro que separar completamente os campos de valores não é assim tão fácil, em um caso como o do goleiro Bruno, fica complicado o fã continuar o tendo enquanto ídolo depois do ocorrido, mas ali é um caso extremo, pois tratou-se de um crime hediondo e de uma forma que chocou o país. O que defendo é que as pessoas tenham o mínimo de discernimento nesse aspecto.


Esse indivíduo aqui é soberbo, uma das criaturas mais arrogantes do meio musical, mas é um puta de um guitarrista, e é isso que importa para seus fãs, ou ao menos para uma parte dos fãs. Isso não quer dizer que não faz diferença alguma ser ou não arrogante, quer dizer que ser arrogante não invalida sua competência.

As celebridades são pessoas normais, isso todo mundo sabe, mas a maioria não consegue internalizar. As pessoas parecem que vêem seus ídolos como seres “sintéticos”. É preciso ser um pouco mais racional e sensato para analisar a carreira dessas pessoas, e principalmente saber separar os campos de valores.

É isso, se leu comente ou clique em um dos marcadores.