sábado, 11 de setembro de 2010
Jeitinho Brasileiro é o Caralho!
Jeitinho brasileiro ... um nome mais confortável para designar práticas desonestas e oportunistas.
Esse não é um texto para relativizar valores culturais, se você acha que todos os valores culturais por si só não estão passíveis de julgamento, nem termine de ler, até porque acho bizarro gente que usa a cultura como carta coringa para justificar qualquer coisa.
Eu não sei quais foram as causalidades do processo de formação dessa cultura aqui nesse país, só sei que me entristece (de verdade) observar nossos valores nesse aspecto. Vivemos em um país onde o batedor de carteira é linchado, mas pessoas que usam o telefone da empresa para fazer ligações particulares são encaradas com a maior naturalidade do mundo.
Certa vez um professor meu disse a seguinte frase: “Lá fora falam que aqui é o país do jeitinho, mas quem disse que o jeitinho não pode ser o caminho para o desenvolvimento?” Acho que todo mundo uma vez na vida já disse uma bobagem, essa foi a vez dele. Para mim, práticas desonestas nunca ajudarão em nada em hipótese alguma, e aqui no Brasil a maneira pela qual a sociedade julga os graus de desonestidade é um absurdo. O indivíduo que faz um assalto, levando R$ 200,00 da vítima, é um marginal, merece cadeia e linchamento. Mas se a empresa em que ele trabalha deposita R$ 200,00 a mais em sua conta por um erro do sistema, ele fica com a grana, não fez nada de mais, inclusive se devolver ainda é chamado de otário.
Os políticos no Brasil são corruptos porque a sociedade é corrupta, as pessoas tendem a separar os políticos da sociedade no geral, parecendo que existe uma sociedade dos políticos. Mas não existe separação, a pessoa que chama um deputado de ladrão, é a mesma que rouba sua empresa, rouba o estado, só que em proporções menores, ela vai até onde seu braço alcança. Nesse sentido, fazer ligações particulares na empresa em que trabalha; não devolver dinheiro que chegou até você de forma equivocada; burlar telefone público para fazer ligações sem cartão; fazer gato de energia diretamente do poste; roubar sinal de TV por assinatura, etc, são práticas tão criminosas quanto bater carteira. Mas para nossa cultura desonesta não, são coisas normais, muitos nem consideram crime. É por causa disso que aqui deputado corrupto vai para o programa do Jô dar entrevista, e de quebra dá uma canjinha para a platéia, enquanto batedor de carteira é um vaga-bundo, marginal, e não merece respeito nem de um cachorro.
Não estou me colocando na posição de “exemplo a ser seguido”, mas ao menos sou uma pessoa que se esforça para se libertar desses valores distorcidos. Às vezes me espanta muito ver pessoas até militantes, que se dizem politizadas, acharem normal cometer delitos contra o estado, pessoas que acham que não devolver um dinheiro do estado que entrou equivocadamente em sua conta é algo normal. Eu não sei pra que porra é que um indivíduo desse ainda faz militância! Essa é a hipocrisia de nossa sociedade, as pessoas adoram apontar para os erros de quem tá lá em cima, mas fazem a mesma coisa cá “em baixo”.
Esse é um grave problema da sociedade brasileira, que é conhecida mundialmente como um povo desonesto, um povo que tem uma tendência forte a burlar regras em benefício próprio. Esse é um dos aspectos que precisa ser mudado em nossa sociedade se ela amanhã quiser estar em um patamar melhor no desenvolvimento social . Não dá para romper com a estrutura se o povo no fundo quer manipular a estrutura a seu favor.
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Concordo plenamente com sua visão. Infelizmente a maioria da nossa sociedade ainda não percebeu (ou finge) o quanto esse "jeitinho" é prejudicial para a nossa formação não só social, mas também humana.Parabéns pela visão e pelo texto!
ResponderExcluirTE AMOOOOOOOO vc ainda não percebeu????????
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ResponderExcluirMassa, Phorinhos!
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