sábado, 19 de fevereiro de 2011

Preguiça Baiana: Um chute no saco dos sulistas!


Preguiça Baiana ... estereótipo que muita gente encara como simples brincadeira, tipo gaucho viado, mas no caso da piada onde a vítima é o baiano a brincadeira está carregada de outros sentidos por trás, sentidos xenofóbicos e pejorativos.

A piada do baiano preguiçoso carrega acima de tudo o sentido de atraso econômico, no sentido de que o sudeste e sul são desenvolvidos industrialmente, são modernos, e o nordeste é atrasado, atribuindo ao sulista o adjetivo de povo trabalhador, e ao nordestino o adjetivo de preguiçoso.

O problema não está na piada em si, nem na atribuição do adjetivo, mas sim na questão valorativa por trás do adjetivo. Existe uma perspectiva de inferioridade cultural quando se faz esse tipo de atribuição (ainda que implícita), que está atrelada à perspectiva de inferioridade econômica.

Para rebater esse tipo de discriminação os baianos costumam tentar provar que o baiano não é preguiçoso, e ai mostram números, fatos, etc, etc. Existe até uma dissertação que faz esse estudo, que chega à constatação de que o baiano trabalha mais que o povo do sudeste. Mas eu não vou entrar nesse mérito, prefiro tocar na raiz da questão.

É engraçado como o adjetivo “trabalhador” está carregado de um sentido valorativo positivo, e o contrário um sentido negativo. As pessoas esquecem que o trabalho a que elas se referem não é qualquer trabalho, não é a servidão do feudalismo, nem o trabalho de subsistência dos indígenas, mas sim o trabalho das relações capitalistas, trabalho da burocracia capitalista, que estabelece relação de patrão e empregado, com vistas à acumulação de capital. Nesse sentido, esse trabalho que realizamos não é natural do ser humano, é um trabalho que fomos condicionados socialmente e historicamente a fazer. Na época da revolução industrial a jornada de trabalho para as mulheres eram de 14 a 16 horas na Inglaterra, e de 10 a 12 para crianças. Hoje isso poderia ser considerado um absurdo, mas na época era normal, com certeza seu patrão iria rir de sua cara se você dissesse a ele que o correto seria 8 horas por dia. O ser humano tem uma tremenda capacidade de se adaptar a contextos adversos, a prova disso é que tem gente comendo lixo e sobrevivendo, ou seja, estar adaptado a um contexto não significa que aquilo é natural. Toda forma de trabalho supõe relações sociais prévias que o condicionaram.

Onde quis chegar com tudo isso? Simplesmente ao fato de que estar mais disposto ao trabalho da burocracia é um condicionamento social, portanto não pode (ou não deveria) carregar nenhum sentido de valor positivo nem negativo. O estado capitalista é muito mais presente no sul e sudeste devido ao processo de formação econômica do país, e isso obviamente condiciona a uma consolidação maior da cultura capitalista nessas regiões, que por sua vez condiciona a uma maior adaptação da sociedade ao trabalho da burocracia capitalista.

O termo preguiça baiana, dentre outras atribuições xenofóbicas, que consiste em supor que a Bahia e nordeste são menos evoluídos, carrega o caráter de evolução cultural, o que remete ao evolucionismo antropológico. É bom lembrar que a teoria evolucionista na antropologia (de teóricos como Morgan e Freezer) há mais de um século foi superada, portanto evolução cultural ou social é um termo retrógrado, atrasado, que cheira a mofo. Então quem é atrasado aqui caro sulista xenofóbico?

É isso .. se leu clique em uma das reações ou comente!

21 comentários:

  1. "O termo preguiça baiana, dentre outras atribuições xenofóbicas, que consiste em supor que a Bahia e nordeste são menos evoluídos, carrega o caráter de evolução cultural, o que remete ao evolucionismo antropológico."

    Nossa, eu não estou nada de acordo. E acho que esse cara/mulher exagerou muito.


    Quando se diz que o baiano é preguiçoso não se refere ao se eles trabalham mais ou menos. Mas eu realmente acho que o ritmo no nordeste é outro que em regiões mais ao sul.
    Acho que isso pode se generalizar.

    Mas também não estou dizendo que isso seja ruim, quem tá dizendo é o cara do blog.
    Prefiro muito mais o ritmo nordestino que o frenesi paulista que me estressa só de pensar.

    Não acho que os nordestinos deveriam se envergonhar disso e muito menos se sentirem ofendidos.

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  2. Nicolás ... baiano preguiçoso é somente um dos adjetivos que vem no "pacote" da xenofobia contra o nordestino, e se vc acha que isso não existe vc é mt ingênuo. Eu por exemplo já escutei frases do tipo "Bahia? Aquilo é um inferno!", em outra oportunidade fui chamado de baiano burro. Amigos meus já me contaram outros casos tb em que sofreram esse tipo de discriminação.

    Vc até pode não se referir ao termo baiano preguiçoso de forma que pejorativa, mas no geral o termo está encharcado de preconceito.

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  3. Acredito que o fato de existir a esteriotipação de regiões brasileiras não implica da veracidade das mesmas. Não considero preconceito, considero piada.

    São incitações jocosas, quem acha engraçado, usa, quem acha sem graça não usa. Simples. A Liberdade...

    Dizer que Baiano é preguiçoso é igual dizer que:
    Gaúcho é viado;
    Mineiro como quieto;
    Carioca é marrento;
    Paulista é apressado;
    Paulistano é mano;
    Curitibano é chato;
    Acreano não existe;

    Nada disso implica, ou faz com que, o povo dessas regiões seja dessa maneira. Mas foi criado um esteriótipo que se espalhou nacionalmente (mídia, internet, boca-a-boca e etc.), e quem acha engraçado usa, quem não acha, não usa.

    Não acho preconceito, nem falta de respeito.Acredito que o fato de existir a esteriotipação de regiões brasileiras não implica da veracidade das mesmas. Não considero preconceito, considero piada.

    São incitações jocosas, quem acha engraçado, usa, quem acha sem graça não usa. Simples. A Liberdade...

    Dizer que Baiano é preguiçoso é igual dizer que:
    Gaúcho é viado;
    Mineiro como quieto;
    Carioca é marrento;
    Paulista é apressado;
    Paulistano é mano;
    Curitibano é chato;
    Acreano não existe;

    Nada disso implica, ou faz com que, o povo dessas regiões seja dessa maneira. Mas foi criado um esteriótipo que se espalhou nacionalmente (mídia, internet, boca-a-boca e etc.), e quem acha engraçado usa, quem não acha, não usa.

    Não acho preconceito, nem falta de respeito.

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  4. Continuo reafirmando q é uma ingenuidade achar que por trás dos estereótipos não existe preconceito, talvez em alguns casos não, como no caso do Gaúcho Viado, ou japonês do pênis pequeno, mas em outros casos existe sim um sentido implícito discriminatório. Por conta de diversos estereótipos como esse, como "Na Bahia é só festa"; "Baiano não gosta de trabalhar"; dentre outros, é que as as pessoas tem uma concepção completamente deturpada da Bahia. Minha mãe foi para São Paulo uma vez e conversando com uma pessoa surgiu o assunto de utensílios de banheiro, a mulher se surpreendeu, pq ela achava q não existia banheiro na Bahia, achava que nós tomávamos banho de bacia. Claro que esse é um exemplo extremo, mas é só para se ter uma noção das distorções que os estereótipos criam.

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    1. Em alguns casos n,em todos eu moro eu sou da bahia mas moro em outro estado,e por aqui vejo todos os dias esses tipos de piadas que nao sao nada agradaveis,e digo mais n e apenas brincadeira,pois toda vez que se falam na bahia ou em baiano,pelo olhar se percebe que nao e brincadeira e sim preconceito(ou pura inveja)..

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  5. ótimo o post! Isso me lembra muito o que falam sobre os índios... Onde ninguém compreende a cultura dos mesmo, sempre os julgando como vagabundos, bêbados e etc. Sendo que os mesmo ainda não estão adaptados ao ritmo que nós estamos!

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  6. Discordo de tudo que foi escrito ai,aliás é só analisar o tempo que dura o carnaval e outras festas, não só os baianos mas os nordestinos em geral são muito festeiros, é para isso que usam o bolsa família e outros programas do governo que o sulista paga?

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  7. ^ ^ ^ Foi ótimo postarem isso ... pra pararem de supor que a discriminação não existe.

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    1. Phoris,se vc observar a maioria que discorda so pode ser do sul e sudeste,pq quem e nordestino n discordaria...ate pq sabe como e a realidade,o povo do sul acha que vive no mundo da fantasia,pensam ate que la e a europa...

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  8. ai amor, cmo sempre eu vou discordar!
    Primeiro, existem pesquisas que comprovam que o clima muito quente diminui o metabolismo e deixa a pessoa mais lenta. Prova disso é que no verão ficamos mais preguiçosos, com vontade de não fazer nada. Dai que vem o "apelidinho" super carinhoso de preguiçosos aos nordestinos. Tbm não sei onde estah o preconceito.
    Existe sim um preconceito, mas não relacionado ao fato de serem preguiçosos.
    Vc tah com mania d perseguição, acha que tudo é contra a Bahia! Rlxa amore, preguiça eh mt bom!! É um dos meus pecados favoritos (só perdendo pra alguns outros hehe)
    enfim... that's all folks!

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  9. Peço licença a todos para concordar com o autor deste espaço. Este esteriótipo de preguiçoso certamente foi disseminado pela mídia, em maior proporção, e é exatamente por isso, pelo poder da mídia de inserir significados na mente da coletividade, é que essa "piada" está carregada de preconceito, pois é isto que está no inconsciente das pessoas. É como as piadas com negros...sempre dizemos que são piadas, mas no fundo então carregadas de preconceitos, que por vezes até tentamos omitir pela onda do "politicamente correto", mas que está alí.

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  10. Claro que há preconceito, esse papo sobre o metabolismo é uma asneira sem tamanho, ou alguém fica chamando os Australianos de preguiçosos, ou por acaso no verão (onde as médias de temperatura do Sul e Sudeste se aproximam das do NE) o PIB das duas regiões diminui e as pessoas trabalham menos horas por dia. Agora um fato interessante sobre as pessoas do Sudeste (especialmente SP) é que o cidadão médio, embora tenha o minimo de educação é meio burrinho pra questões um tantinho mais complexas, tenta ajudar um sujeito médio abstrair teorias ufaaaaa

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  11. Associar o rítimo de vida no Nordeste á preguiça dos nordestinos, ou desenvolvimento econômico é simplório e preconceituoso. Existen muitas questões históricas que determinam o desenvolvimento de uma região, atribuir isto á capacidade de trabalhar dos moradores é como os ''mitos'', eu invento uma explicação para algo que não consigo explicar logicamente. É preconceito e é falta de conhecimento!!

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  12. Affff
    Cansei só de ler "isso" q vcs escreveram

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  13. Sou baiano, moro em SP, as vezes imagino o que seria desse estado sem a mão de obra nordestina...queria ver o tal de PIB, rsssss

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  14. A arrecadação de impostos gerada pelo Sul e Sudeste supera o retorno que essas regiões têm do governo, enquanto que as demais regiões (nordeste, centro-oeste e norte) somente geram déficit aos cofres públicos, ou seja, esses estados recebem mais do que produzem, esse é um dos motivos pelo qual a “preguiça baiana” foi associada a determinadas regiões.
    “As regiões Sul e Sudeste respondem por mais de 81% de toda a arrecadação com tributos da União, apesar de terem juntas pouco mais de 57% da população. O Paraná, que concentra 5,57% dos brasileiros, contribuiu com cerca de 4% do total arrecadado em 2005 e ficou em segundo lugar na região, atrás do Rio Grande do Sul, à frente de Santa Catarina, e em sexto no país. O Norte brasileiro é a região que menos manda dinheiro aos cofres públicos, com uma participação de 1,91% do total recolhido, mas possui uma população que representa 8% dos brasileiros.

    A maior diferença entre arrecadação e população, no entanto, fica no Nordeste, que tem 27,7% da população total, mas contribuiu com 5,59% em 2005. Individualmente, o estado que mais arrecada é São Paulo, responsável por 40,85% do dinheiro pago ao Fisco no ano passado. Do outro lado, as unidades da federação que menos recolhem em tributos são Roraima e Acre, cuja participação individual ficou em 0,03%. Os dados fazem parte de um estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).”
    FONTE: http://forum.cifraclub.com.br/forum/11/147513/

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    1. A atividade econômica no Sul/Sudeste é mais intensa, por isso as regiões arrecadam mais, uma coisa puxa a outra. Se o estado produz mais, logo arrecadará mais.
      Acontece q isso não aconteceu por acaso ou pq o paulistano ou Carioca é mais trabalhador, existe um processo de formação econômica do país, em que houve uma concentração de investimentos públicos nessas regiões. Existiu uma atitude deliberada do governo brasileiro em transformar o Sudeste em pólo econômico do país, e pra isso foram canalizados recursos de todo o resto do país, inclusive do Nordeste.
      Leia sobre a formação econômica do país ....

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  15. Há algum comentário contrário aos dados apresentados?

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  16. Foram os Baianos que Ensinaram os Paulistas a Trabalhar

    O termo caipira, segundo o Houaiss, designa o habitante de parte da região Sudeste, especialmente São Paulo. Indivíduo simplório, de origem rural e pouca instrução.

    A melhor caracterização do caipira foi o personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato. O grande escritor era natural do interior de São Paulo e sabia o que falava. O inesquecível Mazaropi também interpretou personagens (inclusive Jeca Tatu) abordando a preguiça e a ignorância dos paulistas do interior.

    Na primeira metade do século 20 e boa parte da segunda, muitos baianos e nordestinos migraram para São Paulo, fugindo da seca e em busca de trabalho. Os prédios e avenidas da capital paulista foram, em grande parte, construídas por baianos, transformando a cidade na grande metróple que é hoje.

    Nas décadas de 1980/90, a Bahia investiu maciçamente em irrigação. A migração se inverteu. Fazendeiros do Sul e Sudeste buscam agora usufruir da infraestrutura baiana, junto com muitas indústrias, que não se instalam mais em São Paulo.

    Não há como negar o grande legado cultural e histórico da Bahia.

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    1. Cara ate me emocionei com essa resposta,nada descreve aquelas bacterias do sul melhor que isso,pois os ratos imprestaveis sao eles e mal agradecidos...agora se a gente aprender a usar esse argumento contra eles o preconceito deles na hora acaba..

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  17. Dia desses um tal Rogério Flausino (eterno adolescente vocalista de banda pop) chamou de preguiçosos baianos que assistia o que chamam de show - em resposta propusemos:

    Sou tão “inerte” quanto mineiro gosta de queijo (como se somente este comesse queijo);
    Sou tão “estafermo” quanto carioca é malandro (como se apenas no Rio os cofres públicos fossem fraudados);
    Sou tão “ocioso” quanto gaúcho é gay (como se não tivesse homo em outros lugares);
    Sou tão “indolente” quanto paulista é nobre (como se somente estes tivessem dignidade);
    Sou “tão ocioso quanto o cérebro dos indivíduos limitados presos a preconceitos do período escravagista”!
    Sou tão lembrado que me sinto invejado!

    http://humanocronico.blogspot.com.br/2013/11/sao-parvos-o-povo-superior.html

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