Acho que tudo que vem da roça e do interior é um pé no saco. Quando falo interior é interiorzão mesmo, cidade de 30 mil habitantes. Fico besta, a até com certa inveja de quem consegue desejar a vida de interior. É uma tranqüilidade torturante pra mim.
Apesar de ter nascido em interior, me considero um sujeito bastante urbano, até porque Jacobina não é muito pequena, dá pra sair na rua e não ver as mesmas caras que vi ontem pelo menos. Vida de interiorzão é algo que não desejo nem com dinheiro no bolso. É tranqüila, porém vazia, cujo principal entretenimento é “cumer água” escutando Pablo (não adianta, você será obrigado a escutar) enquanto fala com todas as pessoas que passam na rua. Tá bom, na melhor das hipóteses você fará isso escutando Paula Fernandes. Ao voltar pra casa você encontra com um amigo ou vizinho, e fica trocando um dedinho de prosa com ele, ouvindo ele falar das mulheres gostosas da cidade (dentre as 15 existentes) e da próxima festa que vai ter (de arrocha ou forró). Quem mora em cidade de menos de 50 mil habitantes conhece todas as mulheres bonitas que lá moram, a graça é esperar as meninas de 12 anos chegarem aos 16 para ter algo novo no pedaço (na verdade estou sendo educado, o povo não espera chegar aos 16, mas não posso fazer apologia à pedofilia).
Não há muito o que fazer nesses lugares. Não tem cinema, um bar diferenciado, universidade, teatro, estádio, um show que preste, nada! Qual a graça de viver no interior? Eu não tenho nada contra os idosos, mas sinceramente, é depressivo ver eles ficarem 2 horas falando da chuva.
Gosto de zoada, shooping, aglomeração na rua, conversar com gente diferente todos os dias, prédios, e tudo que a vida urbana pode proporcionar. Gosto de modernidade, letreiros, outdoors, arquitetura moderna, asfalto, gente excêntrica, fast food, e por ai vai. Me desculpem os historiadores, mas acho arquitetura antiga feia. Sejam sinceros, aquelas casas com janelas de 500m2 são bonitas? O moderno é mais bonito, e podem me apedrejar.
Eu acho que entre os pseudo-intelectuais existe muita valorização forçada dos aspectos culturais mais antigos. Tem gente que acha que devo gostar de samba de roda pra valorizar minha cultura. Minha cultura? No ambiente em que vivi isso não existia, porque é minha cultura? A primeira vez que vi uma apresentação de samba de roda foi na faculdade, e assisti aquilo como quem vai a um museu ver uma obra de arte, algo muito distante de mim.
Vou corrigir alguns jargões usados por quem ama vida de interior. “Respirar ar fresco” = Não tem o que fazer, por isso percebe o nível de poluição do ar. “Sair de casa de madrugada sem perigo” = Tédio. “Bater papo com o cara da mercearia” = Pedir pra comprar fiado, quem se fode é ele. “Ter amizades verdadeiras” = Fofocar todo dia com uma pessoa fixa. “Custo de vida menor” = Claro, você ganha pouco mané. “Viver com tranqüilidade” = Não viver. “Conhecer todo mundo” = Motivo ideal para se cortar os pulsos.
Como podem ver, não há motivos para achar a vida de interior legal, mas isso é só uma opinião, não xinguem minha mãezinha nos comentários.
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Boa parte é uma verdade ... coisa boa é a facilidade com a qual um movimento cultural se difunde e move toda a população... encontros, feiras, festas, passeatas. E a maior pena é ver que são poucos os lugares onde se encontra a educação e cultura como uma opção dentro de todo este contexto. Em geral se encontra o kit, prefeitura , praça com uma igrejinha, bar, brega, e uma boatezinha rsrs .... que seja, mas mais ainda, que, pelo amor de Deus, um dia mude!
ResponderExcluirLéo
Qual a instituição que tem mais impacto social numa cidadezinha de interior? Igreja ou brega? rsrs
ResponderExcluirNão gosto também do interior interiorizado. Mas também não gosto do caos metropolitano. Prefiro zonas suburbanas. Eu aturo o homem simples do povo, se é que me entende. Gente simples e despreocupada do subúrbio.
ResponderExcluirRoupas simples, poder aquisitivo, áreas suburbanas e afins são apectos de caráter exterior. Não ligo pra isso. Aliás, prefiro a simples e confortável zona suburbana do que o centro da cidade, cheio de edifícios, condomínios, avenidas e trânsito intenso. Em frente ao Cefet (unid. centro) onde estudo, há um Shopping Center bem de frente. Na foto não dá para perceber, mas pessoalmente, eu já vi os luminosos com traços cinzas de carbono, fuligem e essas coisas - resultado do tráfego intenso pelo local (que também causa o calor abafado no ponto de ônibus do outro lado da avenida). É o que se pode chamar de ilha de calor.
Enfim. E uma vez, estava eu lá em Tirol, bairro chique, quando vi uma mulher saindo de um salão, chique também. Não sei se você consegue imaginar a situação, mas foi engraçado aquela leve "acelerada no passo com pulinhos" que ela fez ao atravessar a rua deserta. Na hora eu não saquei, mas quando vi que ela se dirigia à um desses carrões Suv/Trucks (parecia uma Hilux) deduzi logo: queria chamar atenção.
Essa mania de querer chamar atenção das pessoas para seus dotes que lhe confere vantagem já é inerente ao ser humano. Sei porque também já aconteceu comigo (também já apertei levemente o passo com pulinhos para chamar atenção). Para a dona lá da Hilux, eu acho que nem era a intenção. Essas pequenas atitudes já estão gravadas no nosso subconsciente e a gente faz sem nem notar. Cite-se parte das estudantes do Cefet: passeiam no Shopping após as aulas, em bando, sem comprar nada, mas com ar de superioridade só por causa de uma franja feita com o secador de cabelos. Ninguém merece véi.
É por causa disso que estou mais à vontade longe do centro. Longe das áreas urbanas e sua ostentação que tanto nos influencia. Prefiro zonas suburbanas, sem edifícios, só residências. Ruas modestas e tranquilas com sua gente simples e despreocupada desligada de detalhes infames da sociedade e suas diferenças. Ahh, e se for em dias nublados tanto melhor.
Valeu pela contribuição! :D
ResponderExcluirQuem é vc? Mora onde?
Natal - RN
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