domingo, 5 de junho de 2011
Conhecimento Por Que? Para que? Para Quem?
De que serve a filosofia, a sociologia, a história? Quem é estudante dessas áreas corriqueiramente é questionado com essas perguntas. Tem gente que acha que o único conhecimento necessário é aquele que pode ser útil para o mundo concreto, prático. O mundo do pensamento, da pura reflexão não serve pra nada.
Baseado nessa perspectiva, até mesmo alguns profissionais dessas áreas ficam buscando justificativas utilitaristas para a existência dessas ciências, o que só demonstra sua incompreensão sobre área de conhecimento em que atua. Eu já escutei bizarrices de profissionais com currículo invejável a esse respeito, como: “É claro que existe utilidade para as ciências sociais, conhecer diversas culturas pode reduzir custos transacionais em relações dentre países!” É triste escutar isso de quem é referência para muitos. Ciências Sociais, como outras áreas do conhecimento, não precisa apresentar justificativa para sua própria existência, o requerimento dessa justificativa é uma perspectiva utilitarista de conhecimento e de educação, e é TAMBÉM por conta dessa perspectiva que as pessoas cada vez mais estão desaprendendo a pensar e aprendendo cada vez mais a executar, pra observar isso basta analisar as reformas curriculares que estão ocorrendo em alguns cursos como economia. Isso pode ser observado nas mais diversas áreas, dificilmente se encontra um médico que questiona os métodos que aprendeu por exemplo. Os cientistas estão cada vez mais lendo manuais e deixando de ler as obras. Na economia o conhecimento filosófico da ciência (economia política) está cada vez mais sendo enxugado dos currículos, o resultado disso são profissionais cada vez mais competentes para executar e incompetentes pra pensar.
Esse processo tem uma causa principal, o modo de produção capitalista, que faz com que todo conhecimento entre em convergência com o mercado, daí a justificativa prática (quase sempre econômica) para o conhecimento. Ou seja, o conhecimento por si só não serve, o que serve é o conhecimento que cria uma mercadoria ou um serviço.
Independente de aplicação, o conhecimento é importante, seja ele qual for. O conhecimento do “ser”, da sociedade, pode não ter relevância econômica, mas é importante para o ser humano. Aliás, lembrar que o ser humano é importante é bastante pertinente, principalmente nesse mundo onde as “coisas” se tornaram o centro das relações (só para citar o velho barbudo tão esculachado pelo povo que não aprendeu a pensar).
Em relação à medicina, abaixo vai um link de uma entrevista com um dos (poucos) médicos que aprendeu a pensar. Concordando ou não com seu polêmico livro, não dá para dizer que ele é somente um leitor dos manuais da faculdade.
http://super.abril.com.br/superarquivo/2004/conteudo_313515.shtml
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