Muito se tem discutido a respeito do teor humorístico utilizado por talentos do “novo humor” brasileiro, derivado do Stand Up norte-americano. As figuras mais conhecidas e polêmicas são Rafinha Bastos e Danilo Gentili. O primeiro acabou se dando mal ao fazer uma piada escrota com Wanessa Camargo, saiu da Band e está na Rede TV. O segundo ainda está na Band, mas vem criando algumas polêmicas com piadas agressivas e de conteúdo racista. O fato divide opiniões, existem os admiradores do humorista, que acreditam que o humor sempre será agressivo, pois não existe piada sem “vítima”, e do outro lado todo o resto da população, que acha que precisa haver limite até no humor. Existe também quem admira o humorista mas discorda de certas piadas.
A maior polêmica com Danilo foi sobre uma piada racista disparada pelo twitter, que dizia: "King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?" Além da polêmica isso gerou um processo judicial que nem sei em que pé anda. A outra polêmica famosa teve como vítima a comunidade judaica, com a seguinte frase também no twitter: “Entendo os velhos de Higienópolis temerem o metrô. A última vez que eles chegaram perto de um vagão foram parar em Auschwitz". Dessa vez o humorista pediu desculpas.
Em relação à piada racista Danilo escreveu um texto em seu blog se justificando e ironizando os politicamente corretos. O texto foi bastante compartilhado nas redes sociais, com a chamada: “Esse é o problema de mexer com gente inteligente”. Li a famigerada resposta de Danilo aos politicamente corretos e percebi o quanto as pessoas se deixam levar por meia dúzia de frases de efeito. Danilo é inteligente sim, e bastante articulado, mas quando se faz uma merda, nem o maior gênio do mundo consegue se justificar. Ele se esforçou, mas só os ingênuos engoliram seus argumentos, que podem ser vistos nesse link: http://senale.wordpress.com/2010/06/20/racismo-resposta-de-danilo-gentilli/.
O fato é que apesar de ser difícil fazer humor sem vítima, existem vários tipos e níveis de agressividade. Chamar uma loira de burra é completamente diferente de chamar um negro de burro, sobretudo porque o estereótipo “loira burra” se restringe ao campo da piada, no caso do negro não. Ninguém realmente acha que uma mulher pode ser burra pela cor do cabelo, mas muitos acham que a cor da pele pode estar ligada à inteligência. Uma coisa é o campo da piada, outra é o mundo real. Os negros sofrem com o racismo desde 1500, e as implicações são severas, basta observar qual é a cor da população pobre e marginalizada do país. Indo nesse mesmo caminho, a comparação de negro com macaco tem um sentido simbólico muito mais pesado do que chamar um gordo de baleia. Não estou dizendo que chamar gordo de baleia é legal, e sim que existe um abismo de diferença entre gordo/baleia e negro/macaco. O negro não “é” só feio, “é” burro, incapaz, ladrão e até mesmo inferior. Então o teor da piada racista será sempre infinitamente mais pesado que o teor de piadas de loira, português, japonês, gordo, etc, que não estabelecem conexão com o mundo real, ou se restringem a questões frívolas, como por exemplo o tamanho do pênis.
Danilo adora usar frases de efeito em programas de TV para se justificar, e se vacilarem ele é capaz de falar merda e ainda sair por cima, a depender de quem argumente contra ele. Só existe uma maneira de parar de ser fantoche de gente inteligente, é ser inteligente também. Caso contrário você pode se tornar consumidor de qualquer merda, como no vídeo abaixo.
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