Normalmente as discussões sobre religião são polarizadas, trazendo: de um lado os ateus, muitas vezes com uma enciclopédia de argumentos histórico/sociológicos para jogar na lama a fé e as instituições religiosas, sobretudo quando se trata de cristianismo. Do outro lado tem os religiosos, imbuídos de sua fé, não se importando muito com as questões econômicas e políticas que circundam a religião. Se colocarmos um cristão e um ateu para debaterem, certamente o segundo vencerá a discussão com sobras, e o cristão mesmo derrotado abraçará sua fé e não dará ouvidos ao sujeito. Isso faz com que os ateus (não qualquer ateu, os que estudam) de certa forma se sintam superiores, mais sábios, livres das amarras da fé, “desalienados”.
Acontece que a fé e a religião pedem uma análise para além da sociologia e da história (que são análises externas). Analisar a religião externamente é contextualizá-la e perceber todos os condicionantes culturais, políticos e econômicos envolvidos no desenvolvimento da mesma. Isso é bastante importante, mas é limitado. Religião está diretamente ligada a questões místicas, impalpáveis, portanto, ligada a uma vivência bastante particular, que somente quem faz parte pode apreender por inteiro. Um ateu não sabe o que é se sentir melhor ao entrar em uma igreja; não sabe como é obter uma cura sem explicações médicas; não sabe como é pedir algo a uma suposta energia (Deus) e aquilo chegar até a pessoa inexplicavelmente. A vivência religiosa é exclusiva de quem participa, não podendo jamais ser apreendida por um agente externo. Portanto, um ateu nunca será capaz de compreender a religião e a fé em sua plenitude, sua opinião será sempre a de um observador, com uma luneta na mão.
Analisar a religião requer um esforço dialético, apreender a mesma tanto internamente quanto externamente. Quem está envolvido precisa se fazer de observador às vezes, e vice versa. Só que há um problema, seria muito difícil um ateu ter uma visão interna. Ir a um culto e observar com o olhar “estranho” é o mesmo que não estar lá. Nesse sentido, é inevitável a conclusão inexorável de que somente um religioso é capaz de apreender a fé e a religião em sua plenitude. Mas poucos conseguem. São poucos os que conseguem “cortar na própria carne”, usar uma luneta e se colocar no papel do observador. Mas isso é possível.
O recado que deixo é: jamais se sinta menos sábio ou fraco por ser religioso, ainda que você perca feio numa discussão com um ateu. Saiba que você é o “soldado” e ele é o cara que lê sobre “guerra”. Ou seja, ele pode ter mais informações, mas só você sabe de verdade o que é uma “guerra”.
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PARABÉNS PELO TEXTO INTELIGENTE E COERENTE
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