terça-feira, 7 de abril de 2009

O ateísmo e a alienação das ciências

Do que se trata o ateísmo? No senso comum seria a concepção da não existência de Deus. Mas o que seria Deus para os ateus? Se nos aprofundarmos nessa questão observaremos que no que concerne ao evento da criação do universo, ateus e crédulos acabam chegando a um mesmo denominador. Que alguma força ou energia deu origem ao universo é de consenso para toda a humanidade, chamar ou não essa força de Deus não faz a mínima diferença.
A real divergência entre ateus e crédulos reside na existência ou não de perspectivas dessa força em relação à raça humana. O ateísmo acredita na aleatoriedade dos eventos do universo, enquanto os crentes acham que essa força que deu origem a tudo também induz esses eventos, tem juízo de valor e vontade própria.
Com o desenvolvimento das ciências, crer em uma força que rege o universo passou a ser encarado como algo cafona, ou até um sinal de fraqueza. Principalmente na academia, os crentes são vistos como alienados, ou até menos inteligentes. Dissecando o conceito de alienação, pode-se observar diversas formas para defini-lo, uma dessas definições é a perda da razão.
Os religiosos são encarados como alienados porque seguem paradigmas “sobrenaturais”, não passiveis de explicações científicas e materiais. A partir dessa causalidade o ateísmo ao longo do tempo veio ganhando corpo como uma visão de mundo progressista, com ares de intelectualidade.
No entanto, em contrapartida, a humanidade vêm presenciando acontecimentos que fogem completamente da lógica materialista de encarar o mundo. Pessoas obtém curas sem explicações médicas, outras pré-sentem acontecimentos. Em fim, não é necessário recorrer a instrumentos que comprovem tais fatos, pois os mesmos são ratificados pela simples lógica. Portanto, da mesma forma que as religiões seguem paradigmas, as ciências também seguem.
Os indivíduos enxergam o mundo e a realidade através de lentes, essas lentes modificam a imagem de acordo com o conjunto de paradigmas “aceitos”. Dessas diversas lentes, as duas mais importantes são a lente espiritualista e a materialista, são as que nos restringiremos.
As ciências naturais enxergam a realidade tratando como relevante apenas o que pode ser testado e observado, e que tenha explicações materialmente concretas. Isso constitui um paradigma, pois todos os eventos intangíveis ao mundo material são negados. Em sua definição formal, paradigma é um modelo, padrão, conjunto de crenças e conceitos. Podemos perceber que a definição de paradigma aproxima-se bastante da definição de fé. Crença, convicção, essa é uma das comuns definições de fé encontradas nos dicionários.
Dessa forma, ao seguir paradigmas materialistas, a ciência também tenta explicar os eventos através de crenças. Apesar das inúmeras evidências da existência do espírito e de forças “sobrenaturais” agindo de forma coercitiva no universo, a ciência continua a negar a existência dos mesmos. Assim sendo, a negação da existência dessas forças não passíveis de observação e testes empíricos, constitui uma forma de fé, de conceito, de convicção. Em suma, ser ateu não significa não acreditar em Deus, mas sim acreditar na não existência do mesmo.
Talvez pareça inútil todo esse esforço dialético no sentido de apenas inverter a forma de se tratar o ateísmo. No entanto, o peso da palavra fé tira toda a sensação de liberdade de que é ser ateu, ou seja, tira-se a passividade desse posicionamento. Coloca-se o ateu na mesma posição de qualquer religioso.
Voltando à definição de alienação, como visto anteriormente, uma de suas definições mais comuns é a perda da razão. Ora, se existem fatos intangíveis às explicações científicas, e as ciências, a fim de não mudarem seus paradigmas, rejeitam qualquer explicação que vá de encontro e esses paradigmas, a ciência, presa em sua cerca de frágeis princípios, perde a razão, torna-se alienada.

Rafael de Almeida Silva

Comentario - Daqui pro Futuro (Pato Fu)



Submersos no mar dos enlatados musicais, onde impera a homogeneidade musical, baixei essa banda pra escutar me lastreando na perspectiva de que um album independente, de uma banda que tem uma vocalista doida (músicos normais geralmente fazem coisas normais) e que não está aparecendo na TV nos domingos pela tarde, seria um album diferente no mínimo.
As expectativas foram atendidas, "Daqui pro Futuro" é um album bastante diferente, uma sopa musical a até linguística. Em termos de qualidade muito bom também, tanto harmonicamente quanto melodicamente, e com letras bastante originais. O único aspacto que não me agradou foram os elementos eletrônicos às vezes exagerados. Não desmerecendo as bandas que "optaram" por um som mais comercial, mas escutar algo que pretende acrescentar musicalmente em termos de estética, é sempre bom.