sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Roberto Carlos ... Rei? De onde?


Sempre questionei o fato de Roberto Carlos ter recebido o rótulo de Rei da nossa música, quem me conhece sabe e está cansado de ouvir isso ... rsrs. Nesse sentido, não me deterei aqui apenas aos argumentos de mesa de bar, e irei propor um critério para me fundamentar em relação a esse posicionamento.

Na minha opinião, um sujeito para receber tal rótulo precisa estar dentro de alguns requisitos. São eles:

1 – Ter um nível de qualidade musical considerável, que seja de modo geral respeitado como tal (esse é o aspecto mais subjetivo).

2 – Produzir uma música que represente a cultura do país, seja na estética ou nas letras.

3 – Ter uma representatividade ampla no país, não se restringindo a culturas locais (de certas regiões).

Dessa forma, pode-se observar 2 coisas. 1º Não é nada fácil se adequar a esses requisitos, e 2º Ser Rei não significa de forma alguma ser o melhor.

Nesse sentido, seguindo os requisitos citados, Roberto Carlos pode até atender ao primeiro e ultimo, mas ao segundo de forma alguma. O mesmo desde o início da carreira produz uma música que não tem enraizamento cultural brasileiro. Começou na década de 60 no movimento Jovem Guarda, fazendo um rock ‘n’ roll esteticamente copiado do rock inglês e americano, inclusive foi um movimento em que se fazia muitas versões de músicas de bandas inglesas, sobretudo Beatles. As letras falavam de amor e de cotidiano, mas de uma maneira desenraizada, sem produzir uma identidade com a cultura nacional. Eram músicas voltadas ao entretenimento, bastante comerciais e de aderência bastante ampla. Com o passar do tempo, Roberto Carlos se transformou em um cantor romântico, mas continuou produzindo música com representatividade nacional bastante rarefeita.

Não há nada na música de Roberto Carlos que se possa dizer: “Isso é Brasil!”, então porque rotular esse cantor como Rei da música brasileira?

Não estou tirando os méritos do cantor, acho que ele foi um cara que soube “barganhar” com o mercado de certa forma, produzir músicas comerciais sem cair na total vulgaridade estética. Apenas acho que o mesmo não representa nosso país. Quanto a seu sucesso fenomenal, é bom lembrar que ele fez parte de um movimento de cunho não político em uma época de ditadura, na qual vários artistas estavam produzindo músicas politizadas e de encontro ao sistema. Então a Jovem Guarda foi um movimento que teve portas escancaradas na mídia e em qualquer lugar, o que facilitou bastante na popularização. Não que eu ache que a música politizada é melhor que a que não é, falo isso apenas para tratar de fama, oportunidades e popularidade.

De acordo com esses critérios, Roberto Carlos está muito longe de ser o Rei de nossa música. Quem é nosso Rei então? Não sei ... complicado definir, e a perspectiva do texto não é essa. Talvez um sambista, ou alguém da Bossa Nova ... pensei em Luiz Gonzaga, mas sua música tem representatividade um tanto restrita, ficando mais no âmbito regional. Em relação às letras poderia ser Raul, Cazuza, ou Renato Russo. Enfim ... é muito complicado. A única coisa que sei é que o trono continua desocupado .... a majestade que está ai reina um outro povo, e não o meu!

OBS: Os critérios que utilizei são meus, não existe critério para definir quem deve ou não ser o rei da música de um país. Criei os mesmos por achar coerente sua aplicação.

É isso, concorda com o texto? Comente ou marque em uma das reações abaixo. Se discordar é importante justificar ... e se quer defender alguém enquanto merecedor do rótulo de Rei da música brasileira, poste ai sua defesa! Fui ...