segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Futebol Feminino e Preconceito


O futebol feminino é uma modalidade que está sendo extremamente difícil de vigar, são anos de luta, que está dando resultado, mas percebo que uma pequena evolução é a custa de muito suor.

Existe ainda muito preconceito em torno desse tema, os homens em sua maioria não assistem futebol feminino, e as mulheres também não. “Ah, é bizarro de mais!”; “É muito lento”; “A diferença é gritante em relação ao masculino” .... declarações como essa são corriqueiramente escutadas quando se trata do assunto. Acontece que as pessoas não param pra pensar que em todos os esportes que exigem condicionamento físico a diferença entre masculino e feminino é gritante. No basquete a diferença é tão gritante quanto no futebol talvez, quase não há enterrada na modalidade feminina do esporte, é outra coisa, outra forma de jogar. No vôlei também se percebe diferença grande, o feminino é muito mais lento e com menor força nos ataques. As mulheres nunca irão se equiparar aos homens nesses tipos de esporte, por causas que é desnecessário mencionar tamanha a obviedade. No entanto, isso não quer dizer que as mulheres não podem apresentar um bom espetáculo, basta o público saber separar as coisas, e não querer comparar homem com mulher.

A modalidade feminina do futebol tem apresentado substancial evolução, quando era criança lembro que as competições eram duras de se ver, “não existia” tática, era um bando de perna de pau correndo atrás da bola, de cada 10 tentativas de chute eram 4 furadas e 3 caneladas. Mas hoje já percebo uma evolução substancial, nos campeonatos mundiais seleções como a dos EUA já apresentam uma disciplina tática bastante consistente, no Brasil nem tanto, mas a evolução no geral é bastante significativa se compararmos com 10 ou 15 anos atrás. Isso significa que as mulheres sabem jogar bola, falta apenas os meios se tornarem propícios para isso acontecer, pois ainda falta melhorar em muitos aspectos.

O futebol feminino precisa de incentivo, e é uma ingenuidade achar que o mesmo virá da iniciativa privada, ou querer cobrar isso da mesma. O capital privado segue o rastro do lucro, onde não vale a pena investir, ou onde o retorno não compensa o risco, o capital não vai. Nesse sentido, acho bastante pertinente chamar a atenção em primeiro lugar das mulheres. Se o esporte é feminino e está precisando de incentivo, quem tem de tomar a iniciativa e levantar a bandeira da modalidade são as irmãs de sexo, fica complicado vigar se nem as mulheres assistem. Então você que é feminista e reclama da falta de incentivo ao esporte, o primeiro passo é começar a assistir, e se possível freqüentar estádios. Hoje muita gente tem TV por assinatura, então se você (mulher) passar a assistir, estará pelo menos aumentando a audiência no momento da transmissão do jogo.

Outra coisa que sou a favor é de medidas mais incisivas por parte da FIFA para estimular o esporte. Como o capital privado descontrolado nunca correrá para onde não tem lucro, a solução é o controle do mesmo. Nesse sentido, uma medida que pode ser tomada é criar algum tipo de lei para atrelar o investimento no futebol masculino ao futebol feminino, por exemplo: De todo investimento realizado na modalidade masculina, uma porcentagem será por lei investida na feminina. Ou seja, imaginando que essa porcentagem seja 10%, se uma empresa investe 10 milhões no futebol masculino, terá de investir 1 milhão no feminino. No caso de clubes que desenvolvem as 2 modalidades o processo seria parecido, 10% do investimento privado recebido teria de ser destinado à modalidade feminina. Bem ... eu não sei se burocraticamente existe possibilidade da implantação de uma lei como essa, nem se a FIFA legalmente tem esse poder, mas é só um exemplo de como se pode forçar o investimento no futebol feminino, é claro que o espaço está aberto para o surgimento de várias outras idéias ainda melhores.

Mas é bom lembrar que qualquer lei que se crie será inútil se não passar a existir uma cultura de futebol feminino, nada adianta se as mulheres não desenvolverem apreço pelo esporte. Nas olimpíadas não vejo comoção das mulheres para torcer pela seleção feminina, são poucas as que se movimentam. O mínimo que se exige de quem reclama é que faça ao menos o que está a seu alcance.

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