terça-feira, 19 de outubro de 2010

Aborto, uma concepção de vida!


Discutir legalização do aborto é algo complicado e polêmico, mas como adoro temas polêmicos, não poderia deixar de lançar minha opinião.

O discurso nesse aspecto tem tomado um caráter totalmente racional, frio, calculista, estão tentando excluir o juízo de valor da discussão sobre aborto, e isso eu acho inútil.

As discussões, sobretudo acadêmicas sobre legalização do aborto estão tratando o assunto como uma questão de saúde pública. Eu até concordo que a saúde pública deve ser pauta da discussão, mas não somente, não existe como excluir o juízo de valor desse tipo de discussão, é no mínimo uma forçação de barra esse discurso, é uma estratégia do pessoal que é favor da legalização, tentando tornar racional o discurso, apresentando dados sobre a mortalidade de mulheres pobres que fazem aborto de forma clandestina. Nesse sentido, o principal argumento desse pessoal é legalizar, para que as mulheres pobres possam fazer aborto de forma segura, já que legal ou não elas fazem do mesmo jeito.

Acontece que esse pensamento é equivocado, a lei tem uma capacidade imensa de transmitir valores para a sociedade. Basta observar o preconceito que a sociedade tem com as drogas ilegais, e a aceitação que tem com as drogas legais, ou seja, as opiniões sobre nossos posicionamentos tem forte influência da lei, do que é formalmente aceito. Nesse sentido, legalizar o aborto terá forte influência na forma pela qual as pessoas concebem o aborto, então as pessoas que são contra jamais concordarão com a legalização, mesmo sabendo que quem quer fazer faz mesmo sendo ilegal.

Não há como separar essa questão do juízo de valor, para quase todas as religiões o aborto é um assassinato, e nada, nenhum dado ou argumento fará esses religiosos aceitarem a legalização, porque seria como legalizar o assassinato. A biologia tenta arcar com a responsabilidade de conceituar a vida do ser humano, então o discurso utilizado é de que existe vida a partir do momento que existe cérebro. Esse é um critério igual a qualquer outro critério, eu posso muito bem dizer que a vida começa a partir do momento que existe coração batendo, ou que existe um zigoto, e eu não estaria menos correto que nenhum cientista. A final, o critério geral sobre a vida é de que existe vida a partir do momento que existe célula, ou seja, o critério sobre a existência de vida humana não está definido a priori, ao menos não do ponto de vista lógico da coisa (como é o caso do critério sobre existência de vida no geral).

Nesse sentido, acho inútil discutir aborto como uma questão de saúde pública apenas, e sendo uma questão que inevitavelmente perpassa sobre questões de valor, de concepção de vida, acho totalmente inútil discutir legalização do aborto. A meu ver o que precisa ser feito é um referendo sobre essa questão, é o mais justo, e representa a vontade da sociedade.

É isso, se leu clique em um dos marcadores ou comente, e se não concorda é importante que comente, pois é assim que se constrói o debate (se é que pode-se haver debate nessa discussão ... hehe).