domingo, 5 de dezembro de 2010

Análise do Campeonato Brasileiro 2010!!


Essa foi a 40ª edição do mais disputado e almejado campeonato desse país, que só vem reafirmar o processo de depreciação gradativo do nível técnico do futebol nacional, devido à cada vez mais rápida transferência de atletas para o futebol europeu.

Desde o início do campeonato 2 times já se mostravam acima da média dos demais (com exceção do Internacional, com time forte, mas pouco interessado no campeonato). Fluminense e Corinthians já por volta de metade do 1º turno apresentavam um diferencial dentro de campo e na tabela. Ambos polarizaram a disputa e chegaram a abrir cerca de 8 pontos para o terceiro colocado. O Fluminense e a Unimed entraram no campeonato com o claro objetivo de não deixar escapar a oportunidade de acabar com os 26 anos de jejum. Uma verdadeira avalanche de contratações, tendo como principais o meia Deco e o lateral direito/volante Beletti. Além desses vieram Rodriguinho e Carlinhos do Santo André; Emerson dos Emirados Árabes; Washington do São Paulo, Muricy Ramalho, dentre outros pouco representativos (ainda que Deco por justiça nem mereça ser mencionado). O time que já não era ruim ficou muito bom, com bons laterais, boa criação no meio e bons atacantes, ficando a desejar um pouco apenas na parte defensiva.

O Corinthians manteve a maior parte do time que montou pra ser campeão da libertadores, projeto esse que fracassou. Também veio com time forte, e para completar contratou um ótimo meia, Bruno César.

Esses dois times polarizariam a disputa, mas uma série de perdas por lesões em ambas as equipes fizeram com que as mesmas caíssem de rendimento, consumindo completamente a “gordura” que haviam feito na parte inicial no campeonato. Nesse sentido, outros clubes entraram na disputa, que mais tarde apenas o Cruzeiro se manteria.

E o clube que jogou com o escudo da CBF, campeão da ultima edição? O Flamengo teve um ano para esquecer, polêmicas envolvendo Adriano no inicio do ano, prisão do ídolo Bruno no meio do ano, renúncia prematura do maior ídolo da história do clube do cargo de Diretor de Futebol, por conta de perseguições políticas, contratações caras que não deram certo, todas essas turbulências se juntaram à incompetência da diretoria, que não sabendo lidar com o recente Hexacampeonato tomou medidas (ou deixou de tomar) que prejudicaram a temporada, sendo a mais grave a “herança maldita” do meia Petkovic, que ficou nessa temporada pela gratidão da torcida pelo mesmo ter “dado” o Hexa ao time em 2009. O meia, aos 38 anos teve atuações apagadas, o que prejudicou o time, que por incompetência da diretoria não contratou outro à sua altura. O resultado foi um ano sem títulos e a luta contra o Z-4 no brasileiro, que só não teve fim trágico por extrema incompetência de seus adversários.

Não tem como falar desse campeonato sem falar das polêmicas envolvendo a entrega de resultados por rivalidade regional. Mais uma vez, como no ano passado, houve a coincidência de haver possibilidade de um clube prejudicar seu rival em relação ao título. O Fluminense foi o “contemplado” da vez, que ganhou 6 pontos através disso, quando São Paulo e Palmeiras entregaram para prejudicar o Corinthians. O episódio só reafirma a necessidade de se acabar com o formato de pontos corridos. O Corinthians que ano passado fez corpo mole para prejudicar o São Paulo, agora experimentou de seu próprio “veneno”.

A reta final do campeonato foi emocionante pela disputa, mas não pelo nível técnico. Fluminense, Corinthians e Cruzeiro, 3 times incompetentes disputando o título. Os 3 tiveram diversas oportunidades de disparar, mas não o fizeram, a disputa era mais para ver quem perdia menos pontos, do que para quem ganharia mais. Fluminense e Corinthians pelo fato de ainda estarem prejudicados pelos desfalques, e Cruzeiro por não ter time suficiente para ser campeão mesmo.

Nesse fim de linha, eis que Ronaldo resolve retornar de seu processo de “hibernamento” para resolver os problemas do ataque do Timão, que sem Jorge Henrique e Dentinho, só por um milagre disputaria o título. E ai ficou claro a diferença que faz o fenômeno. Obeso, com 3 cirurgias no joelho, 34 anos, e ainda fazendo gols e ajudando a melhorar o rendimento do time. A presença dele taticamente fez muita diferença, sendo o único centro avante da equipe, mudava todo o comportamento tático, centralizando a marcação adversária e liberando as pontas para chegada de Iarley e dos meias.

Mas não foi suficiente para dar o título ao time do Parque São Jorge. O Fluminense na reta final pegou uma tabela água com açúcar, dos 4 últimos confrontos, foram 2 times rebaixados e 2 rivais diretos do Timão. O tricolor ganhou 10 desses 12 pontos e se consagrou Bi-campeão Brasileiro.

A reta final ainda reservou o patético episódio do chororô do eterno cavalo paraguaio Cuca, que mais uma vez “terceirizou” a culpa pela derrota de seu time, acusando o árbitro de favorecimento ao Corinthians. A polêmica girou em torno do confronto direto entre os clubes, um lance de penalidade no mínimo polêmico, mas pra quem passou pela escola do chororô botafoguense é suficiente para levantar poeira.

E o campeonato terminou da seguinte forma: 4 times pequenos “se recusando” a deixar os grandes caírem, os eternos coadjuvantes (Botafogo, Palmeiras, CAM, Vasco, etc) em seu devido lugar, e o tricolor carioca campeão. No G-4 (que pode virar G-3), além dos 3 que brigavam pelo título, entrou o Grêmio de Renato Gaúcho, de forma merecida.

Fluminense conquista esse título com todos os méritos, apesar de o Corinthians também ser merecedor pelo time que tem. O que desequilibrou na parte final foi o tricolor ter dado mais sorte nos confrontos. Eu não poderia também deixar de espetar o fenômeno, pois diante da tabela fica muito claro que se o mesmo quisesse (sim, essa é a palavra) jogar ao menos um turno inteiro o título sem sombra de dúvidas era do Corinthians. Mas profissionalismo nunca foi o forte desse brilhante jogador, o que é uma pena.

Parabéns ao Fluminense, e parabéns ao futebol Carioca, que depois de 8 anos na seca venceu 2 brasileiros consecutivos, o que não acontecia desde 1984 (nessa ocasião foram 3 em sequência para o estado do Rio).