sábado, 19 de outubro de 2013

A hierarquização do mundo animal

Sempre que surge algum assunto polêmico me sinto estimulado a escrever nessa página, sobretudo quando tenho uma opinião diferente da maioria. No momento os noticiários estampam a notícia sobre os protestos em relação às empresas da área farmacêutica que realizam testes em animais. O show de hipocrisia foi lançado.

Primeiramente é necessário destacar que o uso de cães em pesquisas da área é permitido e regulamentado, portanto os protestos só cabem se houver transgressão dessas normas. Na verdade, teoricamente este está sendo o motivo do protesto. Teoricamente. Na prática a gente sabe que a maioria está protestando (de forma presencial ou no facebook) porque trata-se de cães e, a galera não quer ver um cão sofrer.

As pessoas inconscientemente reproduzem valores puramente culturais com o bonito slogan de “proteção dos animais”. Será mesmo proteção dos animais? Ou será uma proposta de hierarquização dos mesmos, involuntariamente imbuída de valores puramente afetivos?

Nunca maltratei um cão ou um gato, também não gosto de ver um sofrendo. A questão é ter consciência que isso é algo cultural, porque o mesmo sentimento eu não tenho por um camundongo ou uma galinha. Há séculos que pesquisas farmacêuticas são realizadas com roedores, principalmente ratos e camundongos e, ninguém se importa. Já vi matérias em rede nacional sobre tumores que foram provocados nesses bichos em pesquisa com medicamento para câncer. Alguém se importou? Alguém deixou de tomar remédio?

Você já viu uma galinha de quintal sendo morta? Não? Eu já, várias vezes, e vou descrever o processo: Primeiramente ela é imobilizada, amarram a mesma; depois arranca-se as penas da região do pescoço e, finaliza-se o processo passando a faca nesse lugar. É obvio que a galinha sofre, desde o princípio, sobretudo se o golpe não for “certeiro”. Nesse caso ela vai agonizar por alguns instantes. Pergunto: Alguém se importa com isso?

Existe uma hierarquização cultural dos animais na nossa sociedade, de modo que alguns são tratados como intocáveis e, outros, ninguém se importa, porque fomos criados dentro desses valores.

Não estou escrevendo isso para defender maus tratos com cães ou gatos, mas sim para deixar evidente a hipocrisia presente em muitos discursos de pretensos defensores dos animais. É complicado ser um ativista desse tipo e adorar um churrasquinho no final de semana. E por favor, não venha com o argumento de: “Eu como churrasco, mas defendo a execução indolor”. Me poupe, quando você come, nem ao menos procura saber como mataram. Na verdade você não sabe nem de onde veio a carne. Você não se importa, mas é bonito se utilizar desse discurso. Todos nós sabemos que muitos abatedouros utilizam métodos bastante rústicos.

Quer ser um ativista coerente? Então não coma nada de origem animal, nada! Na verdade nem remédio você pode tomar.