segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Qual o real problema das bandas coloridas?


Eu confesso que conheci as bandas coloridas primeiro através das críticas. Eu nem sabia que diabos era Restart ou Cine, até saírem as críticas em vlogs como de Felipe Neto.
Criticar as bandas coloridas já se tornou chato, porque todo mundo critica, odiar bandas coloridas é praticamente uma obrigação moral para as pessoas maduras.
Lembro que em minha época a moda era Hanson, Backstreet Boys, Five, etc. Na geração anterior a mim a moda era Menudos, Grupo Polegar, Dominó, etc. Todas essas bandas ou grupos tinham músicas vazias, músicas para entretenimento de meninas pré-adolescentes, como as músicas do Restart e Cia.
Em se tratando das músicas, Restart e Cia não tem nada que me faça achar que é muito pior do que as antigas modas. Nada mais são do que umas bandinhas feitas para meninas pré-adolescentes, que quando chegarem a seus 17 ou 18 anos irão parar de escutar. Mas isso é teoricamente!
O que vejo de diferente, de novo e bisonho nas bandas coloridas são basicamente 3 coisas: O caráter transgressor, a constituição de uma tribo e a criação de um novo sexo. As músicas de moda da década de 80 e 90 eram levadas ao público de forma totalmente despretensiosa, leve, e o público tratava da mesma maneira. Eram músicas direcionadas a meninas na faixa etária de 10 a 16 anos. Os meninos não escutavam essas músicas, mesmo que gostassem, seria motivo de chacota se dissessem que gostavam de Backstreet Boys e Cia. No fim das contas, eram grupos ou bandas que se assumiam enquanto algo comercial (pelo menos eu acho).
O “probleminha” das bandas coloridas, primeiramente é a tentativa de transmitir um caráter transgressor. Na década de 60 os jovens transgressores eram hippies, na de 70 os punks, de 80 os headbangers (metaleiros), na de 90 os fãs de Grunge, e por ai vai. É normal nessa fase da vida dar uma de revoltado, a final, é a época da tão falada crise existencial. Acho inclusive até saudável, desde que não ultrapasse a adolescência e não tome proporções desastrosas. Ao menos, quando você se tornar uma pessoa madura, você pode usar essa fase como experiência, pegar as coisas boas e traduzir em algo útil. Eu por exemplo, na adolescência fui headbanger (metaleiro era coisa de poser), saia de preto em um sol escaldante, o rock mais leve que eu escutava era Angra, mais leve que isso pra mim não prestava. Foi uma fase estúpida de minha vida, obviamente, mas através do Metal eu me tornei músico, foi a partir daí que comecei a levar a música a sério. Hoje continuo escutando, mas obviamente que ampliei minha visão, não escuto mais Canibal Corpse e Cia, não ando mais de preto o dia todo, e escuto outros estilos. O que quero dizer é que os headbangers, apesar de toda a estupidez e falta de maturidade, tem algo pra aprender com a música que aprecia, existe muita coisa boa no metal, é uma “transgressão” que pode ser traduzida em algo de útil. Me surpreende bastante ver que de certa forma, ser Emo ou Emo³ (fãs de bandas coloridas) tomou um caráter transgressor, existe uma identidade, uma consolidação de uma tribo, e isso me preocupa (mentira, não me preocupa, é só pro texto ficar mais sério). Portanto, ser Emo é diferente de ser fã de Backstreet Boys. Esse é o ponto principal, um estilo musical totalmente vazio, servir de base para a formação de uma tribo, tribo essa de comportamento particular e bem definido. Nesse sentido, ser Emo é uma identidade tal qual ser gótico, punk ou headbanger. A geração de nossos pais nos conta como era seu tempo de adolescência, tipo: - Filho, eu era um jovem rebelde! No festival Woodstock lá estava eu, fumando maconha ao som de Janis Joplin! Se um dia eu tiver um filho direi a ele: - Filho, eu fui headbanger! Tomava vodca todo fim de semana ao som de Iron Maiden! Imagino essa nova geração contando para seus filhos que foi um jovem Emo rebelde.
O terceiro ponto é a formação de uma 4ª orientação sexual, que é o Emo. Emo não é hetero, não é gay, não é bi, Emo é Emo. Emo é o garoto que escuta as músicas que antigamente só as meninas escutavam. Não se via meninos heteros com pôster de Backstreet Boys na parede, hoje existem meninos que se dizem hetero, com pôster de Rastart. É um menino afeminado, mas não na conotação de orientação sexual, afeminado no estereótipo, não tem escolha sexual bem definida e tem comportamento que fica entre feminino e masculino. Enfim, é uma coisa estranha.
Não quero tratar com seriedade esse assunto, até porque é um assunto que não merece, só acho bisonho se criar uma identidade, uma tribo, em torno de algo tão ridículo e fútil.