sexta-feira, 29 de junho de 2012

Vida de interior é um saco ...

Acho que tudo que vem da roça e do interior é um pé no saco. Quando falo interior é interiorzão mesmo, cidade de 30 mil habitantes. Fico besta, a até com certa inveja de quem consegue desejar a vida de interior. É uma tranqüilidade torturante pra mim.

Apesar de ter nascido em interior, me considero um sujeito bastante urbano, até porque Jacobina não é muito pequena, dá pra sair na rua e não ver as mesmas caras que vi ontem pelo menos. Vida de interiorzão é algo que não desejo nem com dinheiro no bolso. É tranqüila, porém vazia, cujo principal entretenimento é “cumer água” escutando Pablo (não adianta, você será obrigado a escutar) enquanto fala com todas as pessoas que passam na rua. Tá bom, na melhor das hipóteses você fará isso escutando Paula Fernandes. Ao voltar pra casa você encontra com um amigo ou vizinho, e fica trocando um dedinho de prosa com ele, ouvindo ele falar das mulheres gostosas da cidade (dentre as 15 existentes) e da próxima festa que vai ter (de arrocha ou forró). Quem mora em cidade de menos de 50 mil habitantes conhece todas as mulheres bonitas que lá moram, a graça é esperar as meninas de 12 anos chegarem aos 16 para ter algo novo no pedaço (na verdade estou sendo educado, o povo não espera chegar aos 16, mas não posso fazer apologia à pedofilia).

Não há muito o que fazer nesses lugares. Não tem cinema, um bar diferenciado, universidade, teatro, estádio, um show que preste, nada! Qual a graça de viver no interior? Eu não tenho nada contra os idosos, mas sinceramente, é depressivo ver eles ficarem 2 horas falando da chuva.

Gosto de zoada, shooping, aglomeração na rua, conversar com gente diferente todos os dias, prédios, e tudo que a vida urbana pode proporcionar. Gosto de modernidade, letreiros, outdoors, arquitetura moderna, asfalto, gente excêntrica, fast food, e por ai vai. Me desculpem os historiadores, mas acho arquitetura antiga feia. Sejam sinceros, aquelas casas com janelas de 500m2 são bonitas? O moderno é mais bonito, e podem me apedrejar.

Eu acho que entre os pseudo-intelectuais existe muita valorização forçada dos aspectos culturais mais antigos. Tem gente que acha que devo gostar de samba de roda pra valorizar minha cultura. Minha cultura? No ambiente em que vivi isso não existia, porque é minha cultura? A primeira vez que vi uma apresentação de samba de roda foi na faculdade, e assisti aquilo como quem vai a um museu ver uma obra de arte, algo muito distante de mim.

Vou corrigir alguns jargões usados por quem ama vida de interior. “Respirar ar fresco” = Não tem o que fazer, por isso percebe o nível de poluição do ar. “Sair de casa de madrugada sem perigo” = Tédio. “Bater papo com o cara da mercearia” = Pedir pra comprar fiado, quem se fode é ele. “Ter amizades verdadeiras” = Fofocar todo dia com uma pessoa fixa. “Custo de vida menor” = Claro, você ganha pouco mané. “Viver com tranqüilidade” = Não viver. “Conhecer todo mundo” = Motivo ideal para se cortar os pulsos.

Como podem ver, não há motivos para achar a vida de interior legal, mas isso é só uma opinião, não xinguem minha mãezinha nos comentários.

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