sábado, 19 de outubro de 2013

A hierarquização do mundo animal

Sempre que surge algum assunto polêmico me sinto estimulado a escrever nessa página, sobretudo quando tenho uma opinião diferente da maioria. No momento os noticiários estampam a notícia sobre os protestos em relação às empresas da área farmacêutica que realizam testes em animais. O show de hipocrisia foi lançado.

Primeiramente é necessário destacar que o uso de cães em pesquisas da área é permitido e regulamentado, portanto os protestos só cabem se houver transgressão dessas normas. Na verdade, teoricamente este está sendo o motivo do protesto. Teoricamente. Na prática a gente sabe que a maioria está protestando (de forma presencial ou no facebook) porque trata-se de cães e, a galera não quer ver um cão sofrer.

As pessoas inconscientemente reproduzem valores puramente culturais com o bonito slogan de “proteção dos animais”. Será mesmo proteção dos animais? Ou será uma proposta de hierarquização dos mesmos, involuntariamente imbuída de valores puramente afetivos?

Nunca maltratei um cão ou um gato, também não gosto de ver um sofrendo. A questão é ter consciência que isso é algo cultural, porque o mesmo sentimento eu não tenho por um camundongo ou uma galinha. Há séculos que pesquisas farmacêuticas são realizadas com roedores, principalmente ratos e camundongos e, ninguém se importa. Já vi matérias em rede nacional sobre tumores que foram provocados nesses bichos em pesquisa com medicamento para câncer. Alguém se importou? Alguém deixou de tomar remédio?

Você já viu uma galinha de quintal sendo morta? Não? Eu já, várias vezes, e vou descrever o processo: Primeiramente ela é imobilizada, amarram a mesma; depois arranca-se as penas da região do pescoço e, finaliza-se o processo passando a faca nesse lugar. É obvio que a galinha sofre, desde o princípio, sobretudo se o golpe não for “certeiro”. Nesse caso ela vai agonizar por alguns instantes. Pergunto: Alguém se importa com isso?

Existe uma hierarquização cultural dos animais na nossa sociedade, de modo que alguns são tratados como intocáveis e, outros, ninguém se importa, porque fomos criados dentro desses valores.

Não estou escrevendo isso para defender maus tratos com cães ou gatos, mas sim para deixar evidente a hipocrisia presente em muitos discursos de pretensos defensores dos animais. É complicado ser um ativista desse tipo e adorar um churrasquinho no final de semana. E por favor, não venha com o argumento de: “Eu como churrasco, mas defendo a execução indolor”. Me poupe, quando você come, nem ao menos procura saber como mataram. Na verdade você não sabe nem de onde veio a carne. Você não se importa, mas é bonito se utilizar desse discurso. Todos nós sabemos que muitos abatedouros utilizam métodos bastante rústicos.

Quer ser um ativista coerente? Então não coma nada de origem animal, nada! Na verdade nem remédio você pode tomar. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A ética corporativista

Fala-se muito que o povo brasileiro é especial. Um povo aconchegante, hospitaleiro, alegre, etc. Sempre achei essa visão totalmente tendenciosa. É uma forma de esconder nossos defeitos e colocar em um pedestal nossas qualidades, como se elas fossem mais importantes.

Não posso falar de “outras sociedades”, porque não convivo, apesar de sempre escutar relatos a respeito. Posso falar da minha, que conheço de perto. Aqui no Brasil o corporativismo é tão grande que praticamente se criou um código de ética corporativista.

Quando se fala em corporativismo, a primeira coisa que nos vêm à cabeça são os políticos, no máximo os médicos. Sempre é algo distante de nós. Por que isso? Porque o ser humano é conveniente e gosta de se colocar em posição de vítima sempre, nunca na posição de vilão. Basta um olhar um pouco mais perspicaz, para notar que esse comportamento está presente em quase todas as esferas sociais. Existe criatura mais corporativista que aluno? Se um aluno entregar o colega que está pescando, será considerado um sujeito escroto³, muito provavelmente será excluído da turma. A mesma coisa acontece em um trabalho em grupo, se o nome de alguém for excluído por não ter contribuído para o trabalho. Mas analisando racionalmente, por que é tão asqueroso esse tipo de coisa? Existem pessoas que se formam na base da cola e do oportunismo (montar nas costas dos colegas), quase nunca estudam, e essas pessoas irão receber o mesmo diploma daqueles que viraram noites estudando. É justo? Mas segundo o código de ética corporativista, é um crime entregar essas pessoas, mesmo se o sujeito for estudante de medicina, que futuramente colocará em risco a vida de pessoas.

Exemplos menores como o que citei acima servem para entender os maiores. Os alunos reclamam que os professores se protegem (e é verdade mesmo) sem olhar para si próprios, os professores fazem a mesma coisa. Nas instituições públicas de ensino isso é mais evidente. Se um professor não cumpre sua carga horária, algum colega irá denunciar? Por que uma pessoa da mesma classe ou categoria não pode “dedurar” ninguém, somente uma pessoa de outra classe/categoria? Qual o sentido dessa norma ética? Citarei um exemplo que ilustra muito bem essa incoerência: Se um determinado professor precisar faltar no dia da prova e colocar um funcionário para fiscalizar, esse irá cumprir o protocolo e fiscalizar de verdade. Mas se esse professor colocar um aluno de outra turma para fiscalizar, esse será pressionado a deixar a “pescaria” rolar e, se dedurar, será rotulado dos piores adjetivos possíveis.

Isso é resultado da nossa cultura egoísta, que tende a enxergar a sociedade em forma de sub-grupos sociais opositores. É como se a pessoa fizesse parte de um bando, e ela luta em prol do mesmo. A norma do bando é se proteger e se beneficiar mutuamente, não importa se é certo, errado, justo ou injusto. Na vida profissional isso é fácil de observar também, cada profissão busca criar barreiras para garantir sua reserva de mercado. “Só economista pode fazer isso; só contador pode fazer isso; só médico pode fazer aquilo”, e por ai vai. É fácil notar que essas normas na maioria das vezes não são buscadas pensando no social ou na coerência, mas sim na própria categoria (bando).

Muitos podem achar que isso é bobagem, mas o corporativismo é um mal social, uma hipocrisia disfarçada de “luta pela classe”. Alimenta-se o bônus de um grupo a qualquer preço, ainda que o preço seja ônus social. Não é raro inclusive observar grupos que detém bons salários, fazendo greve. Os auditores fiscais não tem nenhuma vergonha na cara de fazer greve para aumentar seus “pobres” salários, por que um político teria vergonha de aprovar uma lei que aumenta o seu? O nosso (meu) é sempre pouco, o do outro eu nem quero saber.

Corporativismo = individualismo de grupo, se me permitem transgredir a coerência textual.  

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Pirataria ... acabar ou incorporar?



A pirataria faz parte da vida do cidadão brasileiro tão quanto feijão e futebol, é complicado se desvencilhar dessa prática. Por um lado, piratear seria algo deplorável, afeta diretamente o criador, detentor dos direitos autorais. Por outro lado, as condições práticas acabam estimulando a prática de copiar sem pagar direitos. É um tanto conveniente abraçar de forma convicta algum desses dois posicionamentos. Geralmente quem defende o primeiro são pessoas diretamente prejudicadas com a prática e, quem defende o segundo, são aqueles que usufruem da mesma

Primeiramente, é bom aprofundar e esclarecer algumas coisas a respeito do assunto. Pirataria é qualquer forma de copiar o trabalho autoral de outrem sem recompensar devidamente o autor e o produtor (interventor). Isso vale não apenas para filmes, programas e músicas. O que nem todos sabem é que vale também para livros.

Desde 1998, não é permitido copiar um livro inteiro, apenas pequenos trechos são permitidos. Mas a final, o que seriam das universidades sem a famosa xerox? Se o professor quiser usar um livro que não há na biblioteca, deveríamos comprar? Eu mesmo fiz mestrado graças às cópias incessantes que tirei de diversas obras, pois a universidade era recém implantada e a biblioteca era bastante deficitária. Fiz algo de errado? Ou será que o princípio da legalidade nesse caso deveria ser revisto?

Se a fiscalização apertasse o cerco de forma decisiva e acabasse completamente com a pirataria no Brasil, quais seriam as consequências?

1 – Encarecimento dos computadores, para oferecer o sistema operacional original.

2 – Falência de diversos artistas, que sobrevivem graças à divulgação proporcionada pela pirataria.

3 – Barreira para ingresso de novos artistas no mercado, dependendo de um contrato com gravadora ou de dinheiro para uma produção totalmente independente.

4 – Aumento da dificuldade da prática de pesquisa, com o fim do download de livros e da xerox.

Essas seriam as principais consequências danosas. Mas existiriam consequências positivas também, e a principal seria no cinema, aumentando as receitas das produtoras. Isso estimularia bastante a produção de filmes nacionais. 

Eu acredito que existe como equacionar isso, e a solução seria regularizar a “pirataria”. No caso da música, as gravadoras deveriam cair de vez na real, oferecendo a música para download em seus próprios sites e, continuar com seus lucros através da produção do artista. Hoje as gravadoras ganham muito mais produzindo por completo o artista, ganhando em cima dos shows. Caso isso acontecesse, os sites piratas quebrariam, pois baixar no site da gravadora seria muito mais seguro e eficiente (qualidade sonora garantida). De quebra, essas mesmas gravadoras poderiam colocar anunciantes no site, ganhando em cima desses downloads. Nesse caso, o CD continuaria existindo, mas seria uma espécie de produto de luxo, coisa de fã. 

No caso dos livros, acredito que o mercado se auto regula. A xerox tem uma qualidade infinitamente menor que o livro, isso faz com que a venda de uma quantidade razoável de exemplares seja sempre mantida sem maiores ameaças. 

No caso do cinema, considero mais complicado. Não há nenhum benefício aparente na pirataria de filmes. Talvez seja o único ramo de atividade que o governo deva combater a pirataria. Produzir filme de alto orçamento de forma independente é uma aventura muito difícil, com grande risco. O cinema ainda depende dos grandes financiadores e, estes se veem ameaçados por conta da pirataria. 

Em relação aos programas e sistemas operacionais, acredito que a solução seria também a regulamentação. Existem certos programas que se fossem pagos quase ninguém iria adquirir. O fim da “gratuidade” geraria uma espécie de monopolização também. Alguém compraria um outro programa para exibir vídeos, sendo que em seu sistema operacional já existe um? Ex: Alguém compraria o Real Player? A solução seria parecida com o caso da música, a disponibilização do download no site da empresa que produziu. A empresa ganharia com anúncios no site também. Especificamente em relação aos sistemas operacionais, creio que não há outra saída a não ser os acordos que já existem da Windows com as fabricantes, o que possibilita vender computadores já com o programa instalado.

Isso é tudo, acredito que urge cada vez mais a necessidade da pirataria ser incorporada pelo sistema, até mesmo para evitar o ganho ilegal de atravessadores oportunistas. Quem gostou da discussão compartilha.

domingo, 21 de julho de 2013

Dissecando os padrões de beleza

Tenho observado que as feministas entraram numa esquizofrenia aguda de querer extinguir qualquer padrão de beleza. Minha ficha caiu nesse aspecto depois da polêmica foto da menina que circulou no facebook, em que as pessoas ridicularizaram a coitada por ter uma sobrancelha feia. Sim, a sobrancelha era feia mesmo. Isso não induz ao raciocínio (nas mentes doentias sim) de que eu concordo com o que fizeram com ela. Foi criminosa a atitude de expor ao ridículo uma menina de 11 anos. Mas não podemos usar esse caso para dizer que trata-se de machismo. Chamar isso de machismo é o mesmo que ver um sujeito roubando um relógio e chamá-lo de assassino.

Só existe o bonito porque existe o feio, portanto, só podemos “classificar” algo como bonito se tivermos em nossa mente uma referência do que é feio. Os padrões de beleza não são resultado de uma conspiração midiática promovida por uma elite europeia, aceite isso no seu coração irmão(ã). É surreal achar que um grupo de pessoas um belo dia se reuniu e decidiu qual padrão de beleza seria colocado na mídia para fins de dominação cultural.

Não gosto de fazer isso nessa página, mas nesse caso não tem jeito, vou ter que usar a ciência. Os padrões de beleza são o resultado da exteriorização de impulsos individuais, que atuam de forma retroativa com a absorção das estruturas culturais externas ao indivíduo. Ou seja, é um movimento de ida e volta, no qual os indivíduos influenciam o meio, ao tempo em que são influenciados por ele. O que quero dizer com toda essa “punhetagem”? Quero dizer que o indivíduo é constituído e constituinte da realidade, é ativo e passivo ao mesmo tempo. Portanto, a ideia de conspiração não cabe.

Os padrões de beleza são influenciados pela mídia e por nossa cultura (incluindo aspectos perversos, como racismo), mas são também resultado das pulsões individuais de cada um. Nesse sentido, é arbitrário afirmar: “Você gosta de mulheres assim porque a mídia lhe impôs isso”. Se fosse tão simples, não existiria um nicho de mercado na indústria pornográfica explorando a imagem da mulher gorda. A indústria percebeu que o número de homens que gostam de gordinhas é relevante e, está atendendo a esse público. Mas peraí... nosso gosto não era produto da mídia? Fica a provocação ... até que ponto o padrão “mulher magra” foi imposto?

O padrão de beleza é resultado da síntese das preferências mais comuns da população, que ao se configurarem como tal, passam a atuar de forma externa aos indivíduos (de fora para dentro). Portanto, o padrão de beleza pode ser flexibilizado, mas jamais extinto, como querem as feministas. A cultura não nasce do vento e se impõe sobre os indivíduos, ela nasce dos indivíduos e se impõe sobre eles próprios. Ainda que um dia se coloque uma gordinha como protagonista de Malhação sem haver perda de audiência, isso não representa extinção, mas sim mudança dos padrões. Ainda que a gordinha esteja lá, não será qualquer gordinha. Haverá um padrão de gordinha bonita, e esse padrão surgirá “naturalmente”. Ou seja, continuará havendo aquela parcela de pessoas fora dos padrões de beleza.

É claro que as relações de poder são diferenciadas. Longe de mim acreditar que o poder de influência é igualitário para todos os agentes sociais. Mas assim como as grandes gravadoras absorvem as pulsões sociais independentes (olha o caso do punk rock), a grande mídia também faz essa absorção em relação aos padrões de beleza. Não é por acaso que o padrão de mulher bonita no Brasil tem influência do fenótipo feminino africano. Ou vocês acham que mulher de ancas largas é uma característica da européia? 

Vamos acabar de vez com esse ideal lunático de exterminar com os padrões, como se isso fosse possível e, como se isso fosse importante. A mulherada adora homens altos, e isso é um padrão de beleza. Querer acabar com isso é querer suprimir a própria natureza humana.


OBS: A gordinha da foto do texto é uma modelo, praticamente uma militante da democratização estética no mundo da moda. Mas ela não é “qualquer” gordinha ... correto ... hehehe?

sábado, 22 de junho de 2013

Um outro olhar ...

Antes de mais nada, deixo claro que sou a favor das manifestações, elas representam a atitude de um povo que almeja mudanças. Fui ao protesto e sou a favor da redução das tarifas de transporte público. Vou além inclusive, defendo que as prefeituras parem de terceirizar o serviço a fim de reduzir ainda mais as tarifas sem precisar de cortes em investimentos, já que o custo da terceirização é alto.

No entanto, tenho notado que algumas pessoas realmente levam a sério a onda da tarifa zero em grandes metrópoles, algo que considero no mínimo controverso, sobretudo para os mais pobres. Acredito que existe muita politicagem na definição dos preços das passagens, até mesmo porque trata-se de um cartel regido pelo setor público, portanto, as margens de lucro são negociadas politicamente. Mas uma tarifa zero representaria um “rombo” abissal no orçamento, e isso precisaria ser compensado com aumento dos impostos ou cortes nas despesas. Talvez você ainda acredite que isso seja necessário, por acreditar que o transporte gratuito é imprescindível. Não sei se o benefício de um transporte gratuito compensaria o esforço fiscal, mas sei que inevitavelmente isso geraria certo grau de transferência de renda dos mais pobres para os empresários.

Quem mais segue à risca o pagamento dos direitos trabalhistas em média são as grandes empresas. É bem possível que a budega da esquina não ofereça vale-transporte aos empregados, mas as empresas maiores com certeza sim. Boa parte do esforço orçamentário para zerar a tarifa iria para as mãos dos empresários, reduzindo os custos com contratação de mão de obra. Isso por outro lado impulsionaria a criação de empregos (via desoneração do custo do trabalhados), mas a magnitude desse efeito depende de diversas variáveis, e talvez não compensaria. Nos setores oligopolizados a tarifa zero sem sombra de dúvidas ajudaria a encher o bolso dos empresários.

Além desse processo, uma tarifa zero iria requerer uma expansão do sistema de transporte, já que mais pessoas iriam se utilizar do mesmo. O custo com o serviço sem sobra de dúvidas seria muito maior do que é atualmente.

Talvez o mais urgente não seja tarifa zero, mas sim tarifa zero para quem não pode pagar. Existem projetos de lei tramitando em algumas regiões do país no sentido da prefeitura dar vales-transportes para recém demitidos de seus empregos, algo que considero bastante importante.


A discussão sempre deve ter o maior grau possível de racionalidade, para garantir que as intervenções representem avanços de fato. 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Como seria um BBB com "intelectuais"?

O BBB lançou uma versão cult, somente com universitários, estudantes de 6 cursos. Com sede de polêmica, a “plin plin” chamou estudantes com boas notas dos cursos de economia, sociologia, história, medicina, direito e engenharia civil. Abaixo vão os relatos dos fatos que ocorreram na primeira semana.

1º Dia: O futuro engenheiro perguntou se a estudante de história gostaria de dormir com ele. A mulher ficou enfurecida e o chamou de estuprador, citou Simone de Beauvoir, Betty Friedan e Marx, dando um sermão no rapaz. Ele a chamou de louca e ela disse que o mesmo era manipulado pela Globo. Boninho imediatamente retirou a estudante da casa alegando que a mesma tinha problemas mentais, apresentando um laudo de um psicólogo contratado pela emissora. 
Enquanto isso o sociólogo já puxava uma discussão sobre Foucault e suas teorias sobre doença mental. A estudante de medicina entrou na discussão, que durou até 3:00.

2º Dia: O cara de civil, ainda irritado, foi abrir uma lata de leite condensado com ignorância e cortou o dedo. A mulher de medicina imediatamente pediu para todos se afastarem; estancou o sangue; fez curativo; mediu a pressão; batimentos cardíacos e, pediu para que ele ficasse 4 dias de repouso sob supervisão dela.

3º Dia: A futura médica começa a andar de jaleco e estetoscópio pela casa, quando dá 21:00 o sociólogo se irrita e diz que aquilo é fruto da cultura burguesa, cita Foucault e dá início a uma discussão generalizada. 
O estudante de direito diz que não existe uma lei que a impeça de andar de jaleco, o sociólogo cita a obra “A questão judaica” de Marx e o economista diz que Marx não serve pra nada. A discussão fica tensa e dura até 5:00 da manhã.

4º Dia: O aspirante a sociólogo escuta uma conversa entre o economista e a futura médica, na qual o primeiro diz que sociólogo só serve para encher o saco de economista. Ele fica enfurecido e diz que economista não compreende a realidade, então outra discussão sem fim começa.

5º A estudante de história aparece na Band dizendo que foi vítima de discriminação por ser mulher e revolucionária. A repórter pergunta o que ela estava fazendo no BBB sendo uma revolucionária, ela afirma que a intenção era disseminar sua ideologia através da TV aberta. 
Enquanto isso, na casa, a discussão do dia anterior está em curso. As referências das citações são: Foucault, Marx, Weber, Friedman e Keynes. 

6º Dia: O estudante de civil recebe alta e já pode levantar da cama. Ele está mais tranquilo e anda pela casa falando mal de como ela foi construída. O sociólogo diz que os padrões de engenharia são produto da sociedade e, cita Foucault. Nesse momento o aspirante a economista entra na conversa e diz que se a casa tivesse sido construída por um economista não teria erros.

7º O estudante de engenharia passa por exames de avaliação com a aspirante a médica. A estudante de história participa do Roda Viva para contar seu drama pessoal. O pessoal da casa assiste pela internet. O estudante de economia vai dormir porque a entrevista não é com um economista. O de sociologia cita Foucault enquanto assiste.

OBS: Antes que um pseudo-intelectual venha com seu mimimi de bolso, aviso de antemão: Esse texto é baseado em estereótipos, não se dê ao trabalho de dizer coisas do tipo: “Nem todos são assim!” ok?

terça-feira, 9 de abril de 2013

Ele é realmente necessário?



Salário mínimo deve existir? Quando surge uma pergunta desse tipo, a resposta mais obvia é sim, sem dúvida. Ser contra o salário mínimo em nossa sociedade é encarado como uma aberração tal qual ser à favor da fome. É um pecado sem perdão, coisa de reacionário escroto enviado pelo capeta.

No entanto, por mais irônico que possa parecer, existem argumentos sólidos no sentido de que o salário mínimo pode contribuir para o crescimento da pobreza extrema. Falando em linguagem macroeconômica, o piso salarial pode estar acima do salário de equilíbrio da economia de determinados setores, provocando assim um “peso morto”, portando, desemprego. Simplificando: um empresário que poderia contratar 2 funcionários pagando R$ 450,00, com salário mínimo de R$ 678,00 ele só contratará um. Em outros casos, um determinado empreendimento pode se tornar inviável por conta do salário mínimo, pois o mesmo estabelece um piso de custos com mão de obra. Nesses casos, empregos deixarão de serem gerados.

Recentemente o governo “apertou o cinto” de vez na regulamentação do salário das(os) empregadas(os) domésticas(os), garantindo a elas(es) todos os benefícios de um trabalhador comum. O fato ressuscitou uma discussão um tanto esquecida: o salário mínimo é de fato um benefícios aos trabalhadores? Existem rumores de que quanto mais o governo aperta o cerco para se pagar o mínimo às domésticas, menos profissionais dessa função serão (estão sendo) contratados.

Como podemos ver, a discussão não é tão simples e trivial quanto parece. Sob determinado ponto de vista o salário mínimo representa crescimento da pobreza. 

Particularmente sou a favor do piso salarial, pois a economia é dominada por oligopólios, que podem se aproveitar de um salário de equilíbrio baixo (resultante de grande massa de desempregados) para enriquecer às custas dessa mão de obra barata. Nesses casos (que representam a maioria) existe uma margem de manobra grande por parte dessas empresas, de modo que um piso salarial não seria convertido em menores contratações de forma relevante. Ou seja, os oligopolistas não contratariam menos por conta do piso, ou o ganho salarial não seria anulado proporcionalmente pelas perdas em contratações.

Mas essa é só minha opinião, o debate está aberto!  

quinta-feira, 28 de março de 2013

O dilema da família moderna


A mulher na sociedade contemporânea vive um big dilema: quer ser independente, mas ao mesmo tempo quer ser mãe participando ativamente da criação dos filhos. Na verdade esse é o dilema do casal moderno. Recentemente a justiça chegou junto e regularizou de vez a profissão das empregadas domésticas no geral, de modo que ter uma babá não é mais algo barato e, se for (não pagar os direitos), passa a ser perigoso.

Ainda que se possa pagar uma profissional desse tipo, os pais querem participar da criação dos filhos de forma mais ativa e, vê-los somente pela noite pode não ser algo positivo. Como resolver isso? Como permitir que a mulher seja independente sem que a criação dos filhos seja quase totalmente delegada a babás?

Eu creio que a solução nesse case deve ser buscada com grande objetividade e sensatez por parte do casal. Em 1º lugar, é necessário saber se existe condição financeira para pagar uma babá e, se vale à pena. Creio que seja meio irracional ir para o mercado de trabalho ganhar mil reais e pagar um salário mínimo para uma babá, isso é quase que pagar para trabalhar. Se a mulher não tem condições de arrumar um emprego para ganhar pelo menos 2 mil, que fique em casa com os filhos. O inverso também vale. Se o casal estiver evoluído o suficiente para aceitar que o homem fique em casa, não vejo problemas. Mas é bom lembrar que isso é algo difícil de lidar, é necessário um alto grau de evolução do casal.

Outro ponto que acredito que poderia ser mudado é a lei, oferecendo benefício de redução de carga horária para mulheres com filhos menores de 2 anos. Mas uma lei como essa traria uma série de implicações. O setor público lidaria com isso sem maiores problemas, mas o setor privado faria de tudo para não empregar mulheres nessas condições. A legislação poderia reduzir a carga horária e proibir as empresas de questionar as mulheres a esse respeito, no momento da seleção. Mas isso é complicadíssimo de se aplicar com eficiência, a simples recusa em responder a pergunta entregaria o “doce”. Portanto, reduzir carga horária para beneficiar mulheres com filhos é um tiro que pode sair pela culatra.

Esse e o dilema da família moderna, que tem cada vez mais mulheres buscando independência, mas ao mesmo tempo precisando decidir o que fazer com os filhos e, jogar o pepino “nos peito” da avó nem sempre é algo possível, ou saudável.

Frente ao que foi apresentado, deixo aberto para o debate, já que a solução parece bem complicada.

terça-feira, 19 de março de 2013

Dissecando: Religião, Fé e Ateus ...

Normalmente as discussões sobre religião são polarizadas, trazendo: de um lado os ateus, muitas vezes com uma enciclopédia de argumentos histórico/sociológicos para jogar na lama a fé e as instituições religiosas, sobretudo quando se trata de cristianismo. Do outro lado tem os religiosos, imbuídos de sua fé, não se importando muito com as questões econômicas e políticas que circundam a religião. Se colocarmos um cristão e um ateu para debaterem, certamente o segundo vencerá a discussão com sobras, e o cristão mesmo derrotado abraçará sua fé e não dará ouvidos ao sujeito. Isso faz com que os ateus (não qualquer ateu, os que estudam) de certa forma se sintam superiores, mais sábios, livres das amarras da fé, “desalienados”.

Acontece que a fé e a religião pedem uma análise para além da sociologia e da história (que são análises externas). Analisar a religião externamente é contextualizá-la e perceber todos os condicionantes culturais, políticos e econômicos envolvidos no desenvolvimento da mesma. Isso é bastante importante, mas é limitado. Religião está diretamente ligada a questões místicas, impalpáveis, portanto, ligada a uma vivência bastante particular, que somente quem faz parte pode apreender por inteiro. Um ateu não sabe o que é se sentir melhor ao entrar em uma igreja; não sabe como é obter uma cura sem explicações médicas; não sabe como é pedir algo a uma suposta energia (Deus) e aquilo chegar até a pessoa inexplicavelmente. A vivência religiosa é exclusiva de quem participa, não podendo jamais ser apreendida por um agente externo. Portanto, um ateu nunca será capaz de compreender a religião e a fé em sua plenitude, sua opinião será sempre a de um observador, com uma luneta na mão.

Analisar a religião requer um esforço dialético, apreender a mesma tanto internamente quanto externamente. Quem está envolvido precisa se fazer de observador às vezes, e vice versa. Só que há um problema, seria muito difícil um ateu ter uma visão interna. Ir a um culto e observar com o olhar “estranho” é o mesmo que não estar lá. Nesse sentido, é inevitável a conclusão inexorável de que somente um religioso é capaz de apreender a fé e a religião em sua plenitude. Mas poucos conseguem. São poucos os que conseguem “cortar na própria carne”, usar uma luneta e se colocar no papel do observador. Mas isso é possível.

O recado que deixo é: jamais se sinta menos sábio ou fraco por ser religioso, ainda que você perca feio numa discussão com um ateu. Saiba que você é o “soldado” e ele é o cara que lê sobre “guerra”. Ou seja, ele pode ter mais informações, mas só você sabe de verdade o que é uma “guerra”.

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domingo, 10 de março de 2013

Os "Vergonha de Feira"


Hoje o maior clube do interior da Bahia afundou de vez e, talvez para a eternidade. O Fluminense de Feira vive momentos difíceis há muito tempo e, a “tragédia” de hoje já era anunciada. Em parte pelos problemas administrativos do clube, do outro lado existe também a falta de apoio do cidadão feirense.

Sou flamenguista, todos sabem. Nasci em Jacobina-BA, em uma família de flamenguistas, perpetuei a tradição familiar e ainda criança já amava o clube. Na minha terra natal, torcer para times do Rio e São Paulo é algo bastante comum e, ninguém se importa com isso, até porque faz pouco tempo que o futebol baiano passou a ter espaço na TV aberta. Quando cheguei em Feira, me surpreendi com pessoas falando mal de mim por torcer para time do sudeste, alegando que o futebol nordestino é oprimido pela mídia dominante, bem como pelas condições da formação econômica do país. Essas pessoas alegam que todo baiano, por motivo de afirmação, deve torcer para time da Bahia.

Esse seria um discurso coerente se não existisse futebol no interior do estado, futebol esse oprimido pela mídia da capital baiana (dominante). A Rede Bahia, filiada da Rede Globo, pratica no âmbito estadual o que a Globo faz em âmbito nacional: Exaltar o futebol de sua região (Salvador) e deixar à margem todo o restante. Outras afiliadas como a TV Aratu não ficam atrás nesse processo. O resultado é um verdadeiro ritual de fingimento de que o futebol do interior do estado não existe, ou é irrelevante. É dessa forma que surgem quadros como “Jair e Vicentino”, que nada mais é do que um retrato da polarização do futebol baiano em somente 2 equipes, Bahia e Vitória.

O que me espanta aqui em Feira é a completa falta de reflexão das pessoas que me chamam de “Vergonha da Bahia” e, colocam a camisa de um time da capital. Seria cômico se não fosse tão trágico. Todo mundo sabe o quanto o futebol do interior da Bahia já foi oprimido pela influência política dos times da capital, sobretudo quando se fala do Esporte Clube Bahia, que já ganhou diversos títulos estaduais através de corrupção e politicagem, envolvendo até supostas compras de árbitros (não comprovadas, claro). Foram os tempos de Maracajá. Mas na verdade até hoje é possível verificar beneficiamento ao clube quando o mesmo enfrenta um time do interior. O Bahia tem uma força política enorme dentro do estado, algo que sem sombra de dúvidas sempre impôs barreiras para o crescimento de clubes do interior.

Quando uso esse argumento com alguém que se atreve a me chamar de vergonha da Bahia, geralmente a pessoa fala que estou forçando a barra. Meu caro, se você acha que isso é irrelevante, você está declarando aos sete ventos que o futebol do interior não deve ser levado a sério. Hoje o Flu de Feira “morreu”, mas já estava na UTI há muito tempo. E o feirense, coitado, continuará acreditando piamente que torce para time de sua região.

Sou flamenguista e, hoje acho que racionalmente o correto mesmo é torcer para time da região. Mas futebol é muito mais que razão e, infelizmente já passei da idade de escolher meu time. O Flamengo já faz parte de mim. Só que pelo menos tenho a dignidade de dizer os fatos como eles são, não me escondo atrás de uma frustração camuflada de afirmação, nem finjo que minha verdadeira região é irrelevante para “gozar com o pau dos outros”.

segunda-feira, 4 de março de 2013

+ ou - Estado?


Objeto de brigas ideológicas entre esquerdistas e conservadores, a presença do estado na economia é um assunto polêmico e, rende calorosos debates. A final, qual a vantagem de se ter um estado “grande”, ou um estado bastante presente? Qual a vantagem de se ter um estado “enxuto”? Creio que o tema não deve ser discutido de forma religiosa, é preciso deixar os jargões e os dogmas de lado.

Os EUA é um país que serve como referência de uma economia com estado bastante enxuto, do outro lado tem-se os países europeus, com estados muito presentes. A priori o sujeito pode pensar automaticamente que na Europa é melhor e ponto final. Só que não existe almoço de graça, um estado grande implica em alta carga tributária e, consequentemente, altas taxas de desemprego. Essa conseqüência não é regra, mas a tendência é que altas cargas de impostos se reflitam no número de empregos da economia. É por conta disso que os países europeus convivem com taxas de desemprego que giram em torno de 8%, enquanto os EUA convive com taxas menores. Para se ter uma idéia, trazendo dados anteriores à crise econômica, em 2007 a taxa de desemprego na terra do Capitão América foi de 4,5%, no mesmo ano a Alemanha registrou 8,4%, e a França 7,9%. Nesse sentido, pode-se dizer que existe uma sinuca: Mais emprego/menos impostos ou menos empregos/mais impostos/mais benefícios sociais? É uma pergunta que cabe. Tratando de forma bem simplista: É melhor ter educação pública e saúde pública de qualidade ou ter mais empregos e menos impostos? No Brasil essa dicotomia não se aplica, visto que temos carga tributária e taxa de desemprego européia, mas não usufruímos dos benefícios sociais disso, muito por conta da corrupção.

Além dos serviços prestados, o estado pode demonstrar seu tamanho através da atuação em setores produtivos, financeiros ou de serviços, as chamadas empresas estatais. A briga ideológica geralmente se dá com argumentos intransigentes: de um lado alegam que o estado é ineficiente, do outro que o estado deve ser grande a todo custo, se possível que seja dono de tudo. Se trazermos para o contexto brasileiro, onde tudo se torna mais complexo, veremos que não é tão trivial falar desse assunto. Alguns setores necessitam de um maior incentivo à inovação, de modo que a exposição à concorrência (em todos os sentidos) e aos riscos tendem a trazer ganhos em eficiência, sobretudo quando se trata de uma cultura oportunista e corporativista como a brasileira. Por outro lado, um estado sem participação alguma nesses setores, pode acarretar em impotência do governo em estabelecer políticas econômicas e grande vulnerabilidade a crises econômicas. Em ambiente de crise o setor privado tende a demitir, e as demissões por sua vez reduzem o consumo agregado, podendo gerar um efeito em cascata de demissões. As estatais teriam então um papel anticíclico nesse aspecto. No lado da autonomia do governo para estabelecer políticas, ano passado tivemos um forte exemplo da importância do Banco do Brasil e Caixa Econômica, utilizados como meios para o governo exercer na prática sua política monetária, puxando a taxa de juros para baixo.

Tendo em vista toda a complexidade do assunto, eu creio que um estado presente é importante, mas é preciso ter cuidado com o tamanho do mesmo em alguns contextos. Defendo um estado que garanta que todos os cidadãos tenham os serviços básicos de qualidade, para que tenham as mesmas oportunidades, mas ao mesmo tempo deve-se ter uma grande atenção a respeito de certos benefícios (não essenciais), simplesmente “abrir as torneiras” pode trazer um custo social danoso. Penso também que alguns setores estratégicos devem ter presença de estatais, para que o governo tenha autonomia para estabelecer políticas e, reduzir a vulnerabilidade econômica do país. Mas creio também que o setor privado não deve ser sufocado, mas sim regulamentado.

Com as novas configurações do blogspot, não consigo mais colocar a foto ao lado do texto, só acima. Se alguém souber como faz, agradeço a contribuição.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Vlog Stars


Quando o you tube criou a possibilidade de cada usuário ter seu canal, apareceu um grupo de pessoas, que no Brasil tiveram como precursores Felipe Neto e PC Siqueira, fazendo uma espécie de Blog em vídeo. Ou seja, em vez de escreverem textos, o pessoal começou a fazer vídeos, para falar qualquer coisa. O problema é que esse povo fez sucesso, e agora são os “Vlog Stars”.

A partir do sucesso dos sujeitos citados, disseminaram os vlogueiros pelo país. Um monte de gente tentando fazer sucesso como Felipe Neto e PC Siqueira, mas estarão eternamente na sombra desses dois. O PC há tempos que grava vídeos em casa, falando qualquer coisa que der na telha, as piores possíveis. O outro foi o sujeito que “descobriu” que Restart é uma merda, assim como Colírios da Capricho e Justin Bieber. Até então todos achavam que Restart e Justin Bieber eram do nipe de Mozart. Felipe Neto é o cara das críticas "originais", reclama das modinhas mais toscas possíveis, se achando inovador e cult. Mas há quem goste ... e como!

O estrelato desses vlogueiros deixa muito claro 2 fenômenos: 1º O brasileiro ao “se libertar” da TV não melhorou seu gosto por entretenimento. 2º Existe uma “doença cultural” (não sei se apenas aqui) que leva as pessoas a se sentirem bem acompanhando a vida de alguém. É a porra do Reality Show, que chegou também no you tube. Não existe a mínima condição de alguém ver um vídeo como esse abaixo e dizer que é massa, bacana, etc. Isso na verdade é um Reality Show com a grife do espaço alternativo (ou independente). Uma menina bonita falando de sua vida e um monte de gente assistindo só porque ela é bonita.



Canais como esse existe em bando na internet. Como sou um curioso e alguém que curte humor, pesquiso essas paradas, e posso garantir: 95% não serve nem para assistir enquanto a pessoa toma café.
A Gabbie (do vídeo acima) é a vlogueira mais famosa. É até bonitinha e simpática, mas não faz nada que acrescente em absolutamente nada. Se fosse feia ninguém assistiria.

Felizmente existe a parte boa da tecnologia, o canal do you tube está sendo aproveitado para vídeos bacanas de humor como no canal Porta dos Fundos, ou Os Barbichas. Falando especificamente de Vlogs, só consigo recomendar um, que é "Os Carai", de um pessoal de Irecê-BA, com certeza o melhor do país. Mas não é surpresa, já que baiano é o povo mais criativo no Brasil. Nem tudo está perdido .... ainda.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Os trilhos da vida ... ou a vida dos trilhos

Os budistas dizem que o destino é como se fosse o trilho de um trem, e que todos nós temos diversos trilhos em nossas vidas, “pegamos” aquele condizente com as decisões que tomamos ao longo de nossa existência. Ou seja, a vida é como uma viagem de trem, mas existem opções para o “maquinista” mudar de trilho. São nossas decisões. A idéia de trilho deixa também clara a noção de que existe um destino pré-definido em cada um desses trilhos, nossa liberdade de escolha se restringe a qual pegaremos.

Carnaval, nada para um liso como eu fazer, cenário perfeito para reflexões completamente descompromissadas. Baseado no que expus no 1º parágrafo, estive refletindo sobre alguns caminhos que a vida tem me levado e, me perguntando como seria minha vida “no outro trilho”. No meu caso, a vida não deu muitas oportunidades de escolha, eu fui praticamente guiado pelos acontecimentos. Acho que minha vida tem diversos trilhos, mas todos os outros estão fechados. Ao longo de minha existência enxerguei muitos caminhos alternativos, mas todos eles estavam lá só para dizer que existia uma outra vida para mim, mas não poderei acessá-la. Ou seja, eu sempre me senti bastante guiado pela “força” do destino, algumas vezes até de forma impressionante.

Talvez o que eu falei na frase anterior seja verdade, ou talvez eu tenha deixado minha vida no “piloto automático”, como no filme Click. Acho que todos nós temos um trilho principal, o qual seguiremos até o fim caso não façamos nada de diferente. Quando falo diferente, é algo diferente do previsível para nossa personalidade e caráter. Paralelo a esse trilho principal existem os alternativos, que só se abrem caso tomemos decisões surpreendentes. Caso contrário, ficaremos no piloto automático.

Quantas pessoas nesse mundo já foram para um trilho alternativo? Queria deixar claro também que mudar de vida nem sempre é sinônimo de sair do piloto automático, muitas pessoas (por exemplo) nasceram pobres, mas inteligentes, então com certeza o caminho natural será a mudança de vida. Mudança de trilho requer “auto-flagelação”, tomadas de decisões excêntricas para nós mesmos.

Se isso que falo é realmente verdade, eu gostaria muito de saber como seriam meus outros trilhos, minhas outras vidas em diversos outros lugares, em “dimensões” paralelas a essa. Mas como sou um sujeito conservador, acho que continuarei no piloto automático. E você? Está no piloto automático? Já parou para pensar como seria sua vida se lá atrás você não tivesse tomado aquela decisão “previsível”?

Para os que não acreditam em destino, peço para observarem como suas vidas são guiadas como uma espécie de trem, lhe jogando para um lado e para o outro. Como nos sentimos meio impotentes em relação a isso. Verá que às vezes não passamos de fantoches de nós mesmos.