terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Todos nós somos culpados!

Mais uma tragédia no Brasil, dessa vez com requintes de indignação da população brasileira.

Está mais do que claro que essa tragédia não é obra do acaso, houve negligência. O que não consigo concordar é com esse pensamento coletivo que se formou nas ultimas 48 horas, satanizando o estado e o dono do estabelecimento.

Aqui no Brasil temos uma mania muito forte de fazer julgamento pelos efeitos, e não pelas causas. O sujeito que quer linchar um cara que ao atravessar o sinal vermelho atropelou seu filho, muito provavelmente já fez a mesma coisa um dia, mas não aconteceu nada. É de uma incoerência descomunal tratar certos deslizes de forma permissiva e depois que acontece uma tragédia jogar “nos peito” do “protagonista” toda a culpa.

Quantos já deixaram de ir a uma boate por não haver saída de emergência ou pela boate sempre estar excessivamente lotada? Até antes da tragédia, se eu dissesse a meus amigos: “Cara, não vou lá não, não tem saída de emergência, é perigoso!” muito provavelmente iriam me chamar de fresco, ou dizer que estou inventando desculpa esfarrapada. Quantas boates no país obedecem 100% as normas de segurança? Quantas reclamações a esse respeito existem? Quantas pessoas realmente se incomodam com isso?

Eu sei que muitos desconhecem as normas de segurança, mas também creio que certas coisas são tão evidentes que é inegável o descaso não só do proprietário, mas também de quem usufrui do espaço. Basta ver a planta da tal boate incendiada para verificar o absurdo que é aquela estrutura. Também tenho informações de que o local do ocorrido sempre foi excessivamente lotado. Mas eu pergunto: alguém se incomodou antes? Se incomodar depois não adianta.

O fato é que a cultura brasileira é muito permissiva, as pessoas acham que as coisas nunca acontecerão com elas, tudo aqui pode. Essa é uma culpa que não deve ser jogada SOMENTE nas costas do estado ou do proprietário. É claro que as maiores parcelas de culpa são desses agentes, mas não sejamos idiotas e convenientes ao ponto de tirar o nosso da reta. É uma tragédia causada por um câncer gerado em nossa sociedade, o “tumor” da cultura do “tudo pode”, do “isso é besteira”. Uma hora dá merda!

Essa tragédia não aconteceu no dia 27/01, ela começou a acontecer desde que todos os agentes envolvidos, incluindo clientes, foram negligentes com a vida alheia e, com suas próprias vidas.