terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A Síndrome Underground


Síndrome underground é uma “doença” que dá em pessoas sem noção que tem extrema necessidade de serem diferentes.

Tem tudo a ver com os pseudo-cults, esses compõem esse grupo com grande representatividade. Essas pessoas tem a prática de rejeitar tudo aquilo que faz sucesso, que está na mídia, na moda, na boca do povo, e muitas vezes nem precisa aparecer na mídia, basta fazer sucesso e estar bem financeiramente.

Esse tipo de indivíduo no meio do rock é que nem pardal no meio das cidades, existe aos montes. Mais especificamente, no meio do Metal então ... meu Deus!

Fazer sucesso não significa baixar o nível da qualidade, ou virar comercial, de forma alguma. Não gosto de recorrer à ciência aqui no blog, pois não é o espaço adequado, mas o tema requer um pequeno esclarecimento a partir da sociologia da arte. Nesse sentido, é necessário compreender os 2 tipos de valorização quando se trata de produção artística (aqui vou usar a música para me fundamentar). A produção musical é dividida em campos, que basicamente são os estilos ou vertentes. Existem 2 tipos de campos, os campos de produção autônoma (heterogêneos, com fronteiras bem definidas) e de produção heterônoma (fronteiras fluidas, campo homogêneo). Basicamente, os campos de produção autônoma obedecem uma lógica interna de produção, os de produção heterônoma (música comercial) obedecem uma lógica externa, que é a lógica do mercado, da demanda. Os campos autônomos então se valorizam internamente, o heterônomo externamente. Dessa forma, fazer sucesso dentro da lógica de um campo de produção autônomo não significa virar comercial, significa simplesmente obter hegemonia naquele campo de produção.

Vou utilizar como exemplo um campo que conheço de perto, que é o do Heavy Metal. Um monte de metaleiros metidos a underground adoram renegar as bandas de grande sucesso, como o Iron Maiden, sobrevalorizando bandas de menor porte. O Iron Maiden fez sucesso porque obteve destaque no campo, e não por se tornar mais comercial. Quem escuta a banda sabe que ao estourar a banda não mudou sua linha de produção. Esse sucesso foi alcançado internamente, dentro do campo de produção de Heavy Metal. A prova disso é que a banda continuou e continua fora da grande mídia, Iron Maiden não toca nas rádios populares, não é tema de filme nem de novela, nem está presente na mídia massiva. Ai está a diferença de quem se valoriza externamente e internamente, a valorização externa se dá no atrelamento da produção à lógica do mercado. Nesse sentido, fazer sucesso é diferente de ser comercial. Uma banda pode ser comercial e não fazer sucesso, e pode fazer sucesso sem ser comercial.

E ainda assim, ser comercial não é ser ruim, gosto de muitas coisas comerciais, existem bandas que barganham bem com o mercado, conseguem fazer algo interessante e vender ao mesmo tempo. As pessoas que rejeitam tudo que é sucesso ou comercial, são pessoas que além de fazer uma ligação arbitrária entre sucesso e qualidade, são pessoas que no fundo sentem uma necessidade de se destacar, elas não se sentem bem gostando das mesmas coisas que muita gente gosta. É por isso que essa síndrome tem toda a ligação com os pseudo-cults, pessoas que querem forçar a aparência de profundo conhecimento artístico.

Esse é um comportamento que está espalhado na sociedade em todos os setores, inclusive tem vlogueiro por ai chamando Bon Jovi de modinha e fazendo clip para a banda Zignal.

Então vamos parar com essa babaquice? Fazer sucesso e ser comercial não são a mesma coisa, e ser comercial não é ser ruim necessariamente. Pra quem conhece alguém assim, pode mostrar esse post ao mesmo, ele vai gostar, a final, esse blog quase ninguém vê, então deve ser muito bom.

É isso ... se leu clique em uma das reações ou comente!