quinta-feira, 5 de abril de 2012

Plin Plin ... Eu não quero ser amada!


Que a Globo é escrota, direitista ultra-conservadora qualquer estudante 1º semestre de algum curso da área de humanas sabe. Mas por que será que essa emissora é tão líder? Será que somente o “puxa-saquismo” político explica isso? O que fazer pra mudar esse panorama?

A Globo é o satanás, mas quando ligo a TV para descansar ou comer, qual o canal que coloco? E por que será?

A Rede Globo desde os primórdios adotou um padrão de qualidade, conhecido como “Padrão Globo de Qualidade”, um know-how que engloba vários elementos, desde a questão da qualidade técnica até o ponto principal, que é o polimento da programação. Tudo na Globo é muito lapidado, chega a ser chato, não existem críticas incisivas em nenhum setor, nem mesmo no esporte. A emissora é de direita sutilmente, a não ser em horários de pouca audiência (de manhã cedo ou tarde da noite), ninguém fala de política “botando o dedo na cara”, eles apenas selecionam os fatos que convém. No esporte é a mesma coisa, críticas incisivas são podadas, o que resta é Caio com seus comentários óbvios, dentre outros com extrema habilidade, que conseguem falar bem mesmo com um chicote atrás (Casagrande). No entretenimento a lógica segue, nada de excêntrico é “cultivado”, as mesmas babaquices, mas sem muita pornografia gratuita, nem gente falando merda de mais. Tudo é muito cauteloso e planejado, ninguém abre a boca lá sem ensaio. O padrão é disseminado nas filiais também, que seguem a cartilha fielmente, até jornalista gay precisa disfarçar sua orientação sexual na emissora.

Mas para que tudo isso? Qual a utilidade desse polimento? Muita gente não percebe que a perspectiva da emissora não é fazer com que todos gostem de sua programação, mas sim garantir que ninguém odeie. Você pode não gostar da Globo, mas certamente quando ligar a TV só por ligar, deixará na “plin plin”, porque os programas são sem sal, mas também não irritam. É ai que entra a questão da concorrência.

A estratégia da concorrência é parecida com a quimioterapia, atingem o alvo, mas no caminho destroem todo o resto. Algo descompromissado (como esse blog) com a qualidade, buscam agradar parte da população, mas ao fazer isso irritam a outra parte, é ai que surgem as figuras bizarras de Ratinho, Marcia, Bocão, Varela, etc. Eu não gosto de Faustão, mas entre ele e Ratinho prefiro mil vezes ficar olhando para o ex gordo da Globo. Quando falo das concorrentes, não incluo canais como TV Escola, esses não concorrem, são redes que trabalham em um campo específico, quem concorre são as entidades do mesmo gênero, que apresentam programação diversificada (Rede TV, Band, SBT, Record, etc).

A verdade é que a Globo é a todo poderosa muito por conta da falta de concorrência, não existe programa de baixaria na Globo, como o da Márcia ou o Casos de Família, também não existe apelo religioso, nem sensacionalismo. Eu prefiro Jornal Nacional do que ver Datena rodar a baiana chamando traficante de calhorda. O SBT até hoje apresenta programas que fizeram sucesso na década de 70, outros só se preocupam com o retorno de curto prazo, vendendo espaço para religiões apresentarem seus programas. Para concorrer com a Globo precisa de mais profissionalismo, mais seriedade, a estratégia precisa ser diferente, claro, não se pode lutar com espada contra alguém que luta com espada há 40 anos, é mais inteligente ir com outra arma. Mas fazendo tudo “nas cocha” não levará a lugar algum.

Dá para apresentar uma programação sem polimento e de boa qualidade (olha o caso do CQC), esse é o caminho, caso contrário terão de se contentar com as migalhas de audiência de Bocão e cia, e a Globo continuará sendo nossa amante, aquela que não amamos, mas “comemos” todo dia. Na falta de uma que mereça ser “esposa” ... fazer o que?