domingo, 17 de julho de 2011

Sistema de cotas


Como sou meio “tarado” por temas polêmicos, não poderia deixar de falar de vestibular e do sistema de cotas para negros e alunos do ensino público.

Primeiramente vamos desmistificar a questão das cotas para negros. Na prática isso não existe, já que o sistema funciona através de auto-declaração, de modo que qualquer um pode marcar um X em negro, no ponto referente à raça no formulário. Então o que existe são as cotas para aluno de ensino público.

É um tema polêmico, escuta-se muita coisa horrorosa quando se trata disso, as mais freqüentes são:

“Cotas para negros na verdade tratam eles como se fossem mais burros!”
“A cota é ruim porque gera discriminação entre os aprovados!”

Do outro lado também se escuta muita coisa bizarra, a pior que tive o desprazer foi:

“Universidade pública deveria ser para aluno do ensino público!”

Radicalismos e insanidades à parte, na verdade o sistema de cotas deve existir para atenuar as distorções sociais causadas pela má qualidade do ensino público nesse país. Aluno de colégio público é diferente de aluno de colégio privado (diferente não em capacidade, mas em realidade), então devem ser tratados como diferentes. Só que isso tem um problema que precisa ser corrigido!

O sistema de cotas tem um forte poder de inclusão social, mas não em cursos de concorrência baixa. Tenho certeza que um aprovado pelo sistema de cotas para cursos como medicina, direito, odontologia, engenharias, etc, terá total capacidade e comprometimento para concluir seu curso, a questão é quando se trata de cursos de concorrência baixa. Nesses o sistema de cotas pode trazer um efeito colateral, que é aprovar alunos despreparados ou descompromissados, tamanha a facilidade no ingresso. Na verdade isso já ocorre sem as cotas, elas só agravam o problema.

O problema todo está no método de estabelecer ponto de corte nos vestibulares, que calculam o desempenho do aluno em relação aos demais candidatos, ou quando há um ponto de corte fixo, é muito baixo (geralmente fazer 30% da prova). A meu ver isso precisa mudar, deve-se estabelecer um ponto de corte fixo e mais rigoroso, quem não atingir esse patamar mínimo não entra. “Ah, mais e se o nº de classificados for menor que o de vagas?” Entra só os classificados ué, no mestrado é assim, porque na graduação tem de ser diferente? No mestrado se tiver 20 vagas e a banca entender que só 15 tem aptidão para ingressar, só entram 15. O que não pode acontecer é o estado jogar dinheiro no lixo com alunos que entram no curso só por causa das festinhas da faculdade, ou para posar de universitário (e como tem gente assim!). Isso evita também que pessoas despreparadas entrem na universidade, ensino superior não deve ser usado para corrigir problemas do ensino médio!

Nesse sentido, sou a favor do sistema de cotas com essa mudança, ponto de corte fixo e mais rigoroso, para anular esse problema. Em vias práticas aconteceria da seguinte forma, de 40 vagas divididas entre cotistas e não cotistas (20 e 20), caso somente 15 cotistas se classificassem, outros não cotistas classificados cobririam essas vagas, e vice-versa.