sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Xenofobia, uma história contada pela vítima!


Xenofobia, aversão a indivíduos de outros países, regiões ou cidades. Um tipo de preconceito que está em destaque no momento por conta do caso de Mayara Petruso, que disparou frases xenofóbicas no twitter. A xenofobia especificamente desse caso se refere-se ao preconceito do pessoal do sul/sudeste do país em relação ao pessoal do norte/nordeste, sobretudo o nordeste. É um preconceito que toma referência do nordestino como pessoas burras e pobres principalmente, mas o que é mais explícita é a rotulação de burro. Eu já fui vítima de xenofobia, certa vez conversando com uma goiana no MSN, a mesma disse algo que não compreendi, então disse que não havia entendido, então ela disse: - Não entendeu? Entendo, você é bahiano! Sim, ela escreveu bahiano! O destino me deu a faca e o queijo na mão, então além de dar um grande sermão nela, revidei chamando ela de burra e pedi para que aprendesse a escrever antes de chamar alguém de burro. Obviamente que minha agressividade foi por conta do preconceito, e não pelo erro em si.

Mas por que existe esse rótulo de nordestino burro? Será que ele tem cabimento? De fato os índices sociais - que incluem educação - são piores no nordeste quando se compara com o sul/sudeste, principalmente com o sul. Esses índices geraram pobreza, o que fez com que os nordestinos na década de 70 saíssem para buscar melhores condições de vida no sudeste e sul, principalmente sudeste. Boa parte da composição das favelas das grandes metrópoles desses lugares nasceram desse processo. Bando de filhos da puta esses nordestinos, não é mesmo? Vão para lá se apropriar do que não é deles! E ainda levam a marginalidade junto! Certo, mas como ocorreu todo esse processo?

Voltando um pouco no tempo e ampliando um pouco o conceito, remetemos à questão africana. Nós nordestinos também não podemos posar de vítimas do processo como um todo, já que reproduzimos aqui o mesmo tipo de preconceito, quando discriminamos os africanos. Da mesma forma que o pessoal do sul/sudeste também sofre discriminação enquanto brasileiros lá fora. É somente uma questão de foco. A questão a ser tratada aqui é como essas regiões se tornaram tão diferentes em termos de desenvolvimento. É um erro tratar o desenvolvimento de uma região de forma separada, o desenvolvimento se dá como um todo, o processo que tornou a Europa desenvolvida foi o mesmo que tornou a África e a América Latina subdesenvolvidos. O processo que tornou o nordeste uma região subdesenvolvida (no âmbito nacional), foi o mesmo que tornou o sul/sudeste desenvolvido. Acontece que o modo de produção capitalista se desenvolve criando desigualdades, faz parte da essência do sistema, para se tornarem desenvolvidos, os europeus precisaram explorar os africanos e os latino-americanos, no primeiro momento sob a forma de estabelecimento de colônias, e no segundo momento sob imperialismo no comercio internacional. Da mesma forma, o sul/sudeste é mais desenvolvido que o nordeste porque para haver um processo de desenvolvimento dependente no Brasil, houve a “necessidade” da manutenção de um dualismo estrutural no Brasil, onde basicamente as regiões agrárias (norte/nordeste) alimentaram o processo de industrialização do sul/sudeste. Alguns teóricos até usam o termo sub-imperialismo para designar esse processo. Não vou entrar nos pormenores aqui porque o texto ficará muito grande, e o assunto aqui não é economia, mas quem quiser se aprofundar, autores como Fernando Henrique Cardoso e Celso Furtado tratam do assunto.

Então a xenofobia em si não faz sentido. Todos somos resultado de um mesmo processo, processo esse onde uns foram desfavorecidos no fim das contas, e outros favorecidos. E vamos pensar em xenofobia também de forma mais abrangente e menos conveniente, vamos pensar na forma como discriminamos os africanos, tanto racialmente quanto intelectualmente. O ser humano essencialmente é igual no âmbito geral, o que nos torna diferentes são as ações cultivadas ao longo da história.

Fazemos parte da mesma região, nossa região chama-se Planeta Terra!

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Amigos Descartáveis


Amigo descartável é aquele que estabelecemos uma relação relâmpago em algum momento de nossa vida. Seja em uma enorme fila, seja em uma viagem de transporte coletivo, essas pessoas preenchem nosso tédio ou nossa ansiedade naquele espaço de tempo. Comigo já ocorreu algumas vezes, sobretudo em ônibus, quando você começa a conversar com aquela pessoa durante a viagem, algumas vezes o papo é muito bom, a viagem termina, você se despede daquela pessoa para muito provavelmente nunca mais a encontrar de novo.

É algo um tanto estranho, ao menos eu acho, se despedir para sempre de uma pessoa que você conversou por horas. Algumas pessoas inclusive tem facilidade de se abrir, 10 minutos de conversa com seu amigo descartável e já está falando sobre coisas bastante íntimas, isso às vezes me assusta. Aliás, comigo isso é bem freqüente, não sei por qual motivo as pessoas vêem em mim uma pessoa que está disposta a escutar confissões, e mais do que isso, ver em mim uma pessoa de confiança.

Às vezes quando gosto do amigo(a) descartável fico com vontade de manter contato, mas quando se trata de mulher, se você pede o msn ela vai achar que você está a fim dela, então é meio complicado, já fiz isso algumas vezes, mas as pessoas estranham um pouco. Eu não sei se só eu acho estranho se desvincular do amigo(a) descartável sem nenhum pingo de apego, mas a maioria acha estranho se você pedir o orkut, msn ou qualquer outra forma de contato. Alguns ficam em minha memória, e às vezes lembro e penso: “Como será que essa pessoa está?” Só eu faço isso será?

Existe também os amigos descartáveis chatos, são os que conversam de mais, e geralmente coisas chatas e repetitivas, esses tem certa compulsão por conversar, então estão sempre à espreita de uma “presa” para alugar, sempre à caça de um amigo descartável. Nesse sentido, é necessário aprender a identificar os amigos descartáveis chatos, vou ensinar algumas técnicas. Um dia desses, estava eu no ponto para pegar ônibus para Cachoeira, um cara no ponto me viu e falou comigo: - E aê! Eu não o conhecia, mas cumprimentei o rapaz. Daqui a pouco ele perguntou se eu estava indo para Cachoeira, e eu respondi que sim, foi quando ele lançou: - Cachoeiraaaa .... ê cidade quente! Chato detected!! Corra! Essa forma de puxar uma conversa é típica de uma pessoa chata. Como detectei logo, não dei adiantamento pra cortar pela raiz, sentei longe dele no ônibus. Então esses comentários são comuns desse tipo de pessoa, falar do clima, chuva, falar de política do nada .... é típico de chatos, em muitos casos são da 3ª idade. Existe também os que começam a reclamar de algo, pra que você comente sobre a reclamação dele, é ai que ele te prende. Então aprenda a evitar essas pessoas. A não ser que você seja uma pessoa caridosa a ponto de não se incomodar com isso.

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