segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Teatro Mágico - A Sociedade do Espetáculo


Cedo espaço em minha singela página para falar de uma banda que me tornei fã, e que está lançando CD novo. O Teatro Mágico veio ganhando espaço como uma banda configurada no cenário alternativo e independente, apresentando uma estética musical popular e bastante requintada ao mesmo tempo. Sempre fazendo questão de se firmar como um grupo musical que denega a indústria fonográfica, Fernando Anitelli e seus parceiros conquistaram um público bastante fiel e seleto, sobretudo dentre os jovens. Existem os que falam que a banda faz parte de uma nova tendência, que seriam as bandas universitárias, partindo da idéia de que essas conquistaram espaço principalmente no meio universitário, designação totalmente desnecessária a meu ver, pois com a expansão das faculdades no país, qualquer jovem com gosto musical um pouco mais apurado muito provavelmente será universitário.

O Teatro Mágico não é somente uma banda que ficou famosa por juntar música com circo, mas sim por apresentar uma alternativa de música popular aos jovens. Nem todos gostam de música clássica, Blues, Jazz, rock, etc. No Teatro pode-se apreender uma música com melodias bastante suaves, ritmos nordestinos e diversas misturas, todos com um toque de qualidade que faz a banda se destacar. A qualidade poética, sutil e “despretenciosa”, junto com a capacidade de encaixá-las em lindas melodias, faz de Fernando Anitelli um compositor muito acima da média, que contando com ótimos músicos pode fazer um som diferente, leve, cheio de misturas, descontraído, mas claro, “inacessível” para alguns, fato deixado claro e ironicamente representado no título do 1º álbum, “Entrada Para Raros”. Apesar de não trazer nada muito complexo, é bastante óbvio que não é qualquer um que apreende a poesia de Fernando.

A banda também criou uma fama de prepotente e superestimada, opinião de alguns que acham que os mesmos não tem cacife para se julgarem “intelectuais da música”, quando na verdade quem faz esse julgamento são justamente quem os critica. Criou-se uma concepção aqui no Brasil que para fazer música jovem tem de falar de política, e que por conta disso a música jovem acabou, como se falar de política por si só fosse bom, daí letras que são uma colcha de retalhos de frases de bolso terem feito tanto sucesso, “Que país é esse?” que o diga! Fico imaginando o que seria da música jovem aqui sem bandas como O Teatro Mágico, Los Hermanos, Vanguart, e todas as outras desse movimento alternativo. Estariam os jovens escutando Jota Quest e Skank e achando a melhor coisa do mundo. Essas bandas não querem ser vistas como “a ala intelectualizada da música jovem”, eles apenas fazem música como sabem fazer, e as pessoas que gostam escutam. O problema é que parte desse público são jovens metidos a intelectuais, mas analisar a banda a partir do público é uma cegueira sem tamanho.

O novo álbum da banda está ai, intitulado Sociedade do Espetáculo, mais descontraído e leve que os anteriores, mas mantendo a qualidade sonora. Acho que cada vez mais entendo porque o público da banda é tão seleto, já lançaram o 3º álbum e a entrada continua sendo para raros, tanto para os demasiadamente vulgares quanto para os críticos míopes, mas um dia eles aprendem.

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