sábado, 8 de dezembro de 2012

Modelos Econômicos: Por que? Para que?

“Modelos econômicos não explicam a realidade!” “Modelos são reducionistas!”. Se você é economista ou estudante da área, provavelmente já escutou frases desse tipo. Eu já escutei muito, e toda vez que acontece sinto vontade de dar “tapa ôi” no sujeito. São frases emitidas principalmente por quem estuda economia e tem dificuldade com matemática, ou por estudantes de economia esquerdistas. Também é usada por sociólogos e antropólogos, que meio que estabelecem uma rivalidade imbecil com os economistas (e vice versa). E tem também os historiadores, que acham que a história explica qualquer coisa.

Pois bem, usarei um conceito de um clássico da sociologia para explicar os modelos econômicos. Para Max Weber a realidade é irracional, é constituída por um “emaranhado” de ações sociais, sem direção comum. Portanto, a realidade é impossível de ser apreendida (explicada) em sua totalidade. O que os cientistas sociais fazem é racionalizá-la, através do que ele chama de “Tipos ideais”. Tipo ideal nada mais é do que selecionar um conjunto de ações sociais que me permita estabelecer um raciocínio a respeito de um fenômeno, para tentar explicá-lo. É exatamente por isso que o mesmo fenômeno pode ser explicado de diversas formas. Os modelos econômicos são passam de tipos ideais, uma racionalização da realidade irracional, portanto reducionismo, uma tentativa de apreensão do inapreensível.

O economista trabalha com um alto grau de objetividade, por isso seu nível de redução também é alto. Para estabelecer um raciocínio coerente precisa deixar à margem do modelo diversas variáveis. Mas qual a vantagem disso? A vantagem é que é melhor ter uma explicação (ainda que limitada) do que não ter nada. Para melhor entender como raciocina um economista, vamos tratar de algo bastante irracional e subjetivo. Por exemplo, traição. O que leva um sujeito a trair? O que determina uma traição? Essa com certeza é uma pergunta sem resposta, mas um economista pode ajudar nisso, fazendo suposições e eliminando algumas variáveis. Vamos ver?

Quem trai, o faz para maximizar seu bem estar, ainda que haja remorso ou risco de ser pego. Nesse sentido, vamos usar a fórmula de lucro para fazer uma abstração:

L = R – C

L – Lucro
R – Receita
C – Custo

A receita seria a utilidade (bem estar) proporcionada pela traição, o custo (desutilidade) se dividiria em remorso (que é fixo) e o sofrimento causado por uma possível descoberta por parte da(o) parceira(o) “legítima(o)” (variável, dependendo do risco de ser pego). Chegaríamos então à seguinte equação:

L = R – C1 – bC2

Onde,

L = Saldo
R = Utilidade (prazer, bem estar)
C1 = Custo do remorso (desutilidade, fixa)
C2 = Custo do mal estar (desutilidade) em caso de descoberta (depende do risco)
b = Coeficiente de risco (entre 0 e 1)

Se no final do cálculo der L > 0, valeria a pena a traição. Supondo valores para ilustrar, pode-se ter:

L = 10 – 5 – 0,3 (10)

Nesse caso a pessoa acharia que vale a pena trair.

Esse modelo é uma redução da realidade, obvio. Existe uma dificuldade imensa de mensuração desses valores. Mas se o sujeito conseguir propor mensurações, como: O prazer é o dobro do remorso e o risco é mínimo, esse cálculo poderia servir para alguma coisa. Mesmo que seja impossível utilizá-lo no mundo prático, ele pode servir ao menos para ajudar a entender a realidade.


Os modelos são a melhor forma para se chegar à realidade de forma racional, mesmo partindo da completa subjetividade (como no exemplo citado). O mundo precisa de respostas objetivas para algumas questões, criticar os modelos não vai ajudar em nada nesse aspecto. Em vez de criticar, crie um modelo melhor, contribuirá muito mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário