sábado, 10 de janeiro de 2015

Terrorismo, moral seletiva e a "cultura do outro"

Atentado terrorista volta a acontecer e a turma defensora dos oprimidos (ou supostamente oprimidos) já está tentando justificar o injustificável. Como a discussão precisa ser profunda, irei direto aos pontos centrais para ser breve.

Os antropólogos vão querer me matar, mas essa historinha de que eu não posso julgar a cultura do outro é uma coisa absurda. A partir da antropologia estruturalista, passou a ser quase proibido julgar a cultura alheia, mas não percebem que nós fazemos isso a todo instante.

Quais são as fronteiras da cultura? Como eu posso afirmar: “Essa é minha cultura, aquela é sua cultura”? Isso é absolutamente arbitrário!! No limite, uma família é uma cultura diferente. É engraçado a turma “progressista” achar errado satirizar a religião alheia. É a mesma turma que chama um evangélico de alienado; que faz piada com padre pedófilo; que faz piada com pastor ladrão; etc. Uma pessoa que nasceu e se criou dentro do protestantismo faz parte da mesma cultura daquele que nasceu e se criou dentro do candomblé? Sim e não ao mesmo tempo, simplesmente porque não existem fronteiras claras que separam as culturas. Através de uma determinada “lente”, eu posso afirmar que eu e um japonês fazemos parte da mesma cultura. Japonês consome, poupa, investe, acumula capital, vende sua força de trabalho para um capitalista, escuta rock and roll e joga vídeo-game. Mas ao mesmo tempo, o ele faz tudo isso de uma maneira diferente da minha, e é exatamente por isso que o japonês é diferente do brasileiro, mas também é igual. Essa é a abordagem dialética.

A turma “progressista” tem moral seletiva. Acha bacana e cult quando o canal Porta dos Fundos esculhamba o cristianismo quase toda semana, de maneira claramente implicante, mas acha absurdo alguém esculhambar o islamismo. Crente é a desgraça do mundo porque cria leis conservadoras através da bancada religiosa no congresso, mas não se pode dar um piu a respeito da opressão violenta que a mulher sofre em países islâmicos. O argumento é sempre aquela cartada clichê: “Não posso julgar outra cultura”. Como se o crente fizesse parte da mesma cultura dele. O “progressista” que quer criar uma lei que impede os pastores de emitir certas opiniões dentro do seu templo, é o mesmo que acha compreensível um ato de terrorismo em nome da fé. Ingenuidade mesmo ou moral seletiva?

É preciso acabar com essa concepção errônea de que a cultura é dividida geograficamente. Em um mesmo espaço convivem culturas diferentes. Se você acha que tem o direito de dizer que um evangélico passou por uma lavagem cerebral, mas não tem o direito de dizer o mesmo de um muçulmano, dá Ctrl + Alt + Del no seu cérebro, ele está precisando.

“Todo mundo” gosta de julgar, de apontar, de criticar os outros, mas alguns querem pagar de bacanas, se fazendo de relativistas em momentos oportunos (e quando o c*** não está na reta, claro).

Outro argumento que está sendo utilizado é de que o muçulmano é discriminado na Europa. Mas o direcionamento do atentado está bastante claro. O motivo é de cunho religioso.


Em suma, no caso do atentado, os errados da história foram os assassinos e ponto final. Foi algo absolutamente desproporcional sob qualquer ponto de vista coerente. Não há justificativa, não há espaço para textinhos pseudoinletectuais.

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